Europeus gastam 10 anos e 600 milhões de euros para criar cérebro digital

O Human Brain Project termina em setembro, após uma década de pesquisas sobre o cérebro humano. Veja os avanços
Europeus gastam 10 anos e 600 milhões de euros para criar cérebro digita
Imagem: Milad Fakurian/ Unsplash/ Reprodução

Em 2013, o Human Brain Project (ou Projeto Cérebro Humano) foi lançado com o ambicioso objetivo de modelar o cérebro humano num computador. Desde então, o projeto já contou com 500 cientistas e teve investimento de € 600 milhões — o que equivale hoje a mais de R$ 3 bilhões. 

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Agora, o projeto está chegando ao fim. Em setembro, as pesquisas deixarão de receber financiamento da União Europeia. Já em novembro, começa a revisão do projeto para publicação de um artigo até janeiro. Fica a pergunta: o Human Brain Project atingiu seus objetivos?

Os avanços no conhecimento sobre o cérebro

Durante 10 anos, os pesquisadores envolvidos em projetos de pesquisa relacionados ao HBP publicaram milhares de artigos e fizeram progressos significativos. Criaram mapas detalhados em 3D de mais de 200 regiões cerebrais e usaram supercomputadores para modelar funções neurológicas como a memória e a consciência.

Também desenvolveram implantes para o cérebro com objetivo de tratar a cegueira e criaram algoritmos para construir modelos detalhados de regiões encéfalo a partir de imagens de microscopia. Além disso, identificaram novas regiões cerebrais no córtex pré-frontal relacionadas à memória, linguagem, atenção e processamento musical.

Diversas dessas descobertas foram usadas também na prática, em tratamentos clínicos. Dessa forma, pesquisadores do Human Brain Project puderam melhorar as abordagens utilizadas até então em casos de epilepsia e da doença de Parkinson.

Por fim, os cientistas do HBP criaram o Atlas do Cérebro Humano, que é como um Google Maps do órgão. São mapas em 3D de cerca de 200 estruturas cerebrais do córtex cerebral, todos combinados, o que dá uma visão mais ampla do cérebro.

O legado do Human Brain Project

Desde o início, o projeto recebeu críticas por sua gestão, que chegou a ser substituída. Em geral, muitos pesquisadores acreditam que o Human Brain Project é bastante fragmentado. 

“Vejo aplicações muito astutas, mas não vejo integração em múltiplas escalas, e não vejo os grandes problemas sendo abordados”, diz Yves Frégnac, um dos cientistas do HBP, em entrevista à Nature. Para ele, o projeto não conseguiu fornecer uma compreensão abrangente ou original do órgão. “Eu não vejo o cérebro; vejo partes do cérebro”, disse.

Por isso, nos últimos três anos, o projeto uniu suas tecnologias na plataforma EBRAINS. Ela junta ferramentas e dados de imagem que cientistas de todo o mundo podem usar para fazer simulações. Dá até mesmo para criar um gêmeo digital, que é uma representação matemática do cérebro de uma pessoa.

Mesmo com o fim do projeto, a pesquisa em neurociência na Europa continua. A próxima fase dos investimentos em pesquisa de saúde cerebral será focada na descoberta de medicamentos e melhoria de tratamentos para distúrbios cerebrais.

Ao mesmo tempo, países de fora do continente europeu também seguem progredindo na área. Os Estados Unidos, Japão, Austrália, Coréia do Sul e China também possuem seus próprios projetos de pesquisa do cérebro.

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Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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