Descoberta em Roraima, uma nova espécie de planta já se encontra em perigo de extinção. Pesquisadores da Universidade Federal de Roraima (UFRR), da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) localizaram três registros da espécie em uma região impactada por atividades como o agronegócio e a construção de usinas termoelétricas e hidroelétricas. Ela está descrita em artigo publicado na revista científica “Phytotaxa” nesta terça (16).
Eugenia lavradensis é um arbusto com dois a cinco metros de comprimento, que frutifica entre abril e maio e apresenta flores branco-esverdeadas. O nome está relacionado à área de ocorrência, a savana de Roraima. Os chamados “campos do rio Branco” ou “lavrado” se estendem por dois países vizinhos, Venezuela e Guiana, são um mosaico de ecossistemas florestais e não florestais e ocupam cerca de 19% da área do estado de Roraima.
Amélia Tuler, pesquisadora da UFRR e autora principal do artigo, explica que a descoberta da espécie ocorreu por meio de análise de exemplares sem identificação encontrados em coleções botânicas de Roraima, nos herbários da UFRR e do Museu Integrado de Roraima (MIRR). “A espécie não se encaixava em nenhuma outra da família Myrtaceae para a região de lavrado, tanto do estado quanto da Venezuela e da Guiana”, observa a autora.
O estudo classifica a Eugenia lavradensis como ameaçada porque os exemplares identificados estão fora de unidades de proteção integral (UPI), ou seja, estão fora de estações ecológicas, reservas biológicas, parques nacionais ou refúgios de vida silvestre. Os pesquisadores também ressaltam que as áreas de lavrado não contam com unidades de conservação.
A descoberta da nova espécie mostra a importância do trabalho de coleta e documentação da biodiversidade do estado de Roraima, avalia Tuler. Para a pesquisadora, “são necessários mais investimentos em estudos na região, que enfrenta desafios como o reduzido número de profissionais especializados em identificação de espécies e a logística para coleta em áreas remotas”. Esforços em financiamento de pesquisa e conservação podem garantir a preservação da biodiversidade e o uso sustentável dos recursos naturais de Roraima, finaliza Tuler.