Uma grande explosão no Sol chamou a atenção de cientistas na segunda-feira (13). O choque causou uma poderosa ejeção de massa coronal (EMC). Ao cair no espaço, a matéria da atmosfera solar viajou a 3.000 quilômetros por segundo – uma velocidade extremamente alta – e rara – nesses fenômenos.
Segundo o Soho (Observatório Solar e Heliosférico da NASA), o evento aconteceu no lado oposto do Sol à Terra. Mesmo assim, a velocidade e força fizeram com que algumas partículas da ejeção caíssem no planeta, o que causou uma tempestade solar.
O site Space Weather alertou para o fenômeno. “Algo grande acabou de acontecer no outro lado do Sol”, diz uma notificação. “Embora a EMC não seja direcionada para a Terra, ela tocou nosso planeta. O campo magnético está canalizando as partículas em direção aos polos, onde um tipo de blecaute de rádio está em andamento”.
POSSIBLE EARTH-DIRECTED CME:
A complex filament eruption occurring this evening around 17:30Z led to a wide partial halo CME seen mostly to the southwest in the NASA SOHO LASCO coronagraphs; based on SDO 193 imagery, there is expected to be some sort of Earth-directed component,… pic.twitter.com/PtJtVaAEoI— Space Weather Watch (@spacewxwatch) March 11, 2023
Cientistas classificaram o evento como “extremamente raro” por causa da velocidade da EMC. Além de acontecer apenas “uma vez por década”, esses eventos não costumam afetar a Terra, ainda mais quando acontecem no lado oculto do Sol.
Neste caso, a força da ejeção tem potencial para desestabilizar aviões. O motivo: as partículas das tempestades solares têm capacidade de afetar as ondas curtas dos rádios das aeronaves por causa do efeito ionizante dos prótons em queda.
Possibilidade de “destruição massiva”
Por sorte, a Terra recebeu uma pequena quantidade da matéria solar, o que não causou tantos problemas. Mas, se a explosão acontecesse do lado do Sol virado para a Terra, a destruição seria massiva, alertou a NASA.
Segundo os especialistas, uma EMC nessa velocidade teria causado uma tempestade solar superior à categoria G5, o que tem potencial para queimar satélites, destruir toda a comunicação sem fio do planeta e todos os cabos de internet sobre o oceano. Além disso, o choque pode causar panes na rede elétrica e danificar diversos dispositivos eletrônicos.
Algo parecido aconteceu em 1859. O episódio foi registrado pelo observador de céu amador Richard Carrington – motivo pelo qual mais tarde o evento ganhou seu nome –, na pequena cidade inglesa de Redhill, a 50 km de Londres.
O que foi a tempestade solar de 1859
No dia 1º de setembro, uma grande ejeção de massa coronal chegou à Terra e causou um clarão de luz branca por cerca de cinco minutos. Mais tarde foi possível saber que o EMC atravessou mais de 150 milhões de quilômetros e liberou toda a força no nosso planeta. O mais comum é que esses fenômenos demorem dias para alcançar o planeta.
Nas semanas que se seguiram, a Terra enfrentou uma tempestade geomagnética sem precedentes. Os sistemas de telégrafo “enlouqueceram” e houve diversas auroras nos extremos. Já pensou o que aconteceria com o planeta se uma explosão semelhante viesse agora, quando todos os sistemas da vida humana dependem da conexão sem fio?
O que há em comum nos dois episódios é que, em 1859, astrônomos de todo o mundo observaram o aumento de manchas na superfície do Sol e se preparavam para o pico do ciclo solar que aconteceu em 1860. É o que está acontecendo agora: o Sol também está em “máximo solar”, como você viu nesta reportagem do Giz Brasil.
Infelizmente, não há como prever fenômenos como explosão no Sol. O pico do ciclo solar está previsto para 2025, o que significa que poderemos ver diversas tempestades solares até lá. O jeito é torcer para que elas continuem no lado oculto do Sol – ou veremos uma pane generalizada no mundo online.