Facebook testa envio de nudes para si mesmo para combater pornô de vingança
Como parte de seu novo portal nacional de denúncias para combater a pornografia de vingança, a Austrália está fechando uma parceria com o Facebook para permitir que os usuários bloqueiem preventivamente a publicação de fotos e vídeos “íntimos” na plataforma. Como? Enviando as imagens em questão para o Facebook. A Austrália é o primeiro país a testar o novo programa. Um a cada cinco australianos relata ter tido fotos íntimas compartilhadas sem consentimento.
Conforme um porta-voz do Facebook confirmou ao Gizmodo, os usuários preocupados com imagens íntimas vazando (depois de um término de relacionamento ou uma invasão à sua conta de armazenamento na nuvem, por exemplo) podem preencher um formulário online no site oficial da comissão de segurança eletrônica da Austrália, a eSafety Commissioner. A seguir, vem uma série de perguntas em relação às fotos, incluindo onde elas estão atualmente armazenadas e se as vítimas querem envolver a polícia.
Captura de tela do site da eSafety Commissioner
Dali, o escritório da eSafety Commissioner vai notificar o Facebook sobre a denúncia. Então, é pedido aos usuários que enviem a si mesmos as fotos íntimas por meio do Facebook Messenger. Uma equipe de operações de comunidade do Facebook vai então “marcar” a imagem, basicamente conferindo a ela uma “pegada” digital usada para evitar que a imagem seja publicada no Facebook, Instagram ou enviada em conversas no Messenger.
“Eles não estão armazenando a imagem, estão armazenando o link e usando inteligência artificial e outras tecnologias de pareamento de fotos”, explicou Julie Inman Grant, que chefia a eSafety Commissioner, em entrevista à ABC Australia. “Então, se alguém tentasse publicar aquela mesma imagem, que teria a mesma pegada digital, a imagem seria impedida de ser publicada.”
Crucialmente, esse sistema de “pegada” digital bloqueia as imagens de serem compartilhadas em conversas e grupos privados. Em março, uma reportagem investigativa desvendou um grupo secreto, com 30 mil membros, em que fuzileiros navais norte-americanos compartilhavam fotos nuas de mulheres das forças armadas. O compartilhamento de pornografia de vingança em grupos privados acrescenta uma nova camada de desafio, já que a vítima pode não fazer ideia de que as imagens estejam circulando.
O Facebook contou ao Gizmodo que já usa o sistema para evitar a publicação de imagens já denunciadas como não consensuais, mas essa parece ser a primeira vez em que os usuários podem selecionar as imagens a serem banidas antes que elas sequer apareçam na rede social. Por enquanto, a Austrália é o único país a trabalhar com a empresa para marcar e bloquear preventivamente o pornô de vingança, mas o Facebook confirmou que está buscando expandir o programa. Iniciativas parecidas nos Estados Unidos buscam empoderar vítimas de pornografia de vingança, incluindo as “Cyber Civil Rights Initiative” e “Without My Consent“.
Imagem do topo: AP