Facebook desiste de headset cerebral para investir em pulseiras que leem sinais musculares

O projeto de um headset que captasse a atividade cerebral teria se tornado muito caro, e por isso a rede social partiu para outro protótipo.
Imagem: Facebook Reality Labs

O Facebook anunciou em um post que está deixando de lado um esforço para desenvolver bandanas ou headsets que permitam aos usuários digitar rapidamente e controlar computadores com o pensamento — e presumivelmente atuarem como interfaces cérebro do Facebook no futuro.

Em vez de continuar trabalhando no próprio protótipo de capacete, a divisão de hardware experimental Facebook Reality Labs vai focar seu trabalho na área de desenvolvimento de uma pulseira que lê sinais musculares (eletromiografia – EMG) para controlar sistemas de realidade virtual (RV) e aumentada (RA), como o que já acontece na linha Oculus de headsets de realidade virtual. De acordo com o MIT Technology Review, a equipe que trabalhou no projeto disse que o escopo original talvez fosse ambicioso demais.

“Temos muita experiência prática com essas tecnologias”, disse Mark Chevillet, físico e neurocientista que trabalhou no projeto, mas agora estuda o impacto do Facebook nas democracias. “É por isso que podemos dizer com segurança que, como uma interface de consumidor, um dispositivo óptico de fala que seja silencioso e acoplado à cabeça ainda está muito longe de ser lançado. Possivelmente mais do que tínhamos previsto”.

Chevillet afirmou que, embora o esforço de desenvolvimento de quatro anos incluísse cirurgias cerebrais financiadas pelo Facebook e protótipos que irradiavam luz através de crânios, “nunca tivemos a intenção de fazer um produto de cirurgia cerebral”. É um projeto diferente do que Elon Musk espera obter com a Neuralink, em que chips são implantados diretamente no tecido cerebral.

Alguns dos recursos do Facebook foram para financiar a pesquisa de Edward Chang na Universidade da Califórnia, em San Francisco, que envolveu a implantação cirúrgica de eletrodos no cérebro das pessoas (eletrocorticografia). A técnica permite a leitura de um grande número de neurônios de uma só vez, e a equipe de pesquisa relatou ao New England Journal of Medicine ter desenvolvido um método que permitiu que um homem incapaz de falar após um derrame, digitasse frases a uma taxa de cerca de 15 palavras por minuto. 

Apesar disso, os pesquisadores só conseguiram treinar o sujeito para digitar cerca de 50 palavras, e o sistema era apenas 40% preciso. Porém, a plataforma ficou mais apurada após a adição de um modelo de linguagem que corrigia erros de tradução, com cerca de 75% de acerto.

É um avanço impressionante na ciência médica, mas está claramente longe do tipo de dispositivo que o Facebook gostaria de experimentar e apresentar aos usuários. Chevillet disse à publicação que “vemos as aplicações em um futuro previsível em tecnologia assistiva clínica, mas não é onde nosso negócio está. Estamos focados em aplicativos de consumo, e há um longo caminho a percorrer para isso”.

Segundo o Technology Review, o projeto da pulseira de realidade virtual envolverá tecnologia da CTRL-Labs, uma empresa que faturou entre US$ 500 milhões e US$ 1 bilhão em 2019.

“Faz sentido focar nossa atenção de curto prazo em interfaces neurais baseadas no pulso usando EMG, uma tecnologia viável comprovada que acreditamos ter um caminho de mercado em curto prazo para entrada de realidades aumentada e virtual”, escreveu o Facebook na postagem do blog.

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Este não é o único projeto de hardware do Facebook a ter problemas recentemente. Esta semana, o The Information disse que mais de uma dúzia de membros de sua equipe de internet via satélite deixaram a empresa para trabalhar em um projeto rival na Amazon, aparentemente como parte de um acordo oficial de aquisição de talentos entre as duas empresas.

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