Uma equipe que vem trabalhando para restaurar um edifício histórico no campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, encontrou inúmeros itens escondidos por prisioneiros dentro de uma chaminé.
Garfos, facas, tesouras e vários outros itens foram encontrados no campo principal de Auschwitz no final de abril, de acordo com um comunicado de imprensa divulgado pelo Fundo Nacional da República da Áustria para Vítimas do Nacional Socialismo (o termo “nazista” é uma abreviação de Nationalsozialist, a palavra alemã para nacional socialismo). Esses itens, escondidos pelos prisioneiros dentro de uma chaminé, expandem os registros arqueológicos e históricos deste local horrível.
Localizado no sul da Polônia, Auschwitz era o maior complexo de campos de concentração operado pela Alemanha nazista. Os itens foram descobertos no quartel de um ex-prisioneiro, chamado Bloco 17, localizado em Auschwitz I, também conhecido como Campo Principal. No final da guerra, Auschwitz consistia em 40 campos individuais, incluindo Auschwitz II-Birkenau — onde ficavam as câmaras de gás. Aproximadamente 1,1 milhão de pessoas morreram em Auschwitz, a grande maioria delas judias.
O Bloco 17 está atualmente passando por obras de reforma e restauração, iniciadas pelo Fundo Nacional em setembro de 2019. O objetivo é preservar a estrutura historicamente importante e prepará-la para uma futura exposição na Áustria.
O Bloco 17 remonta a 1941 e consiste em um porão, pisos térreo e superior e um sótão. Ao conduzir as reformas, os funcionários do Fundo Nacional encontraram uma chaminé antiga no térreo. Na base, havia vários objetos ocultos, incluindo “facas, garfos, ganchos, tesouras, peças de couro, ferramentas de sapateiro e peças de calçados”, de acordo com o comunicado. Os itens foram recuperados, documentados e entregues ao Museu de Auschwitz para conservação.
No comunicado de imprensa, Johannes Hofmeister, consultor estrutural do Fundo Nacional, deu uma explicação para a descoberta. Ele acredita que “não é coincidência que uma chaminé tenha sido usada como esconderijo no próprio prédio que acomodava os limpadores dessas estruturas”. É possível que “pessoas com habilidades manuais especiais estivessem alojadas no prédio” e, de acordo com relatos de sobreviventes, “houvesse várias oficinas no porão onde, por exemplo, cestos eram feitos”.
Os presos podem ter usado essas ferramentas para consertar roupas e sapatos, trancar fechaduras, preparar-se para uma fuga ou negociar com outros presos, de acordo com o Fundo Nacional. É importante ressaltar que uma avaliação arqueológica e histórica adequada dos achados ainda não foi realizada. Essas informações, portanto, ainda são apenas especulação.
Auschwitz foi libertado há 75 anos, mas o campo ainda tem muitas histórias para contar. Em 2017, por exemplo, uma carta manuscrita escrita por um prisioneiro de Auschwitz-Birkenau foi descoberta, restaurada e decifrada. Esse tipo de achado é doloroso, mas também muito importante.