O filme da Netflix “A Sociedade da Neve”, com direção de J.A. Bayona, estreou ontem no catálogo do streaming. A história se inspirou numa tragédia real de 1972 nos Andes, e concorre ao Globo de Ouro de melhor filme em língua não-inglesa.
Um voo partindo de Montevidéu, no Uruguai, ia levar a equipe de rugby Old Christians para Santiago, no Chile. A tripulação também tinha amigos e familiares dos atletas.
Porém, o voo 571 da Força Aérea Uruguaia caiu em uma parte remota dos Andes no dia 13 de outubro de 1972. 29 pessoas sobreviveram até o segundo dia.
Para sobreviver ao local inóspito enquanto espera pelas buscas (encerradas logo em seguida pelos membros do grupo terem sido considerados todos mortos), os remanescentes recorrem ao canibalismo.
O diretor explicou à BBC Culture que quis focar no aspecto humano da tragédia e optou por não tratar explicitamente dos atos de canibalismo. Assim, ele diz que houve uma generosidade entre os sobreviventes — em referência a um acordo de que, se morressem, eles podiam comer a carne dos corpos.
A crítica do The Guardian feita por Peter Bradshaw analisa que “o próprio filme minimiza a repulsa explícita pelo que estava acontecendo, em favor de destacar a agonia e a dura resiliência nas condições extenuantes”.
“Mas vivenciar o frio extremo, a falta de oxigênio e a exaustão constante nos ajudou a entender o que os personagens principais passaram”, disse Bayona ao site Tudum, da Netflix.
Segundo a Netflix, houve conversas com familiares das vítimas e de sobreviventes durante as gravações.
Apenas 16 jovens foram resgatados após 72 dias. No filme, dois integrantes, Nando Parrado (Agustín Pardella) e Roberto Canessa (Matías Recalt), decidem atravessar a neve e buscar ajuda.
A história e todos seus aspectos inspirou outras duas obras: o filme “Alive”, de 1993, sobre o acidente, e a série “Yellowjackets”, que representou a tragédia com um grupo de meninas.
O filme espanhol “A Sociedade da Neve” é inspirado no livro de Pablo Vierci, amigo de infância de algumas vítimas, lançado em 2008.
A história é contada a partir do olhar do jogador de rugby Numa Turcatti. O elenco conta com Enzo Vogrincic, Agustín Pardella, Matías Recalt, Esteban Bigliardi, Diego Vegezzi, Fenando Contigiani García, Esteban Kukuriczka, Francisco Romero, Rafael Federman e Valentino Alonso.
Pedro Ezequiel é jornalista pela ECA - USP. Passou pela Rádio USP, Jornal da USP, UOL e DOC Films. Não dispensa café e podcast. É fã de "Moleque Atrevido" do Jorge Aragão.
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