Cultura

Roteiristas se deram bem na negociação com os estúdios? Veja acordo

Maiores repasses de streaming, proteção contra inteligência artificial e mais: veja o acordo que colocou fim à greve de roteiristas

A greve dos roteiristas está chegando ao fim, nesta quarta-feira (27), após uma votação aprovar, com unanimidade, o acordo provisório entre o sindicato WGA (Writer’s Guild of America) e a AMPTP (Alliance of Motion Picture and Television Producers), fechado no último domingo (24).

A paralisação, que começou em maio deste ano, pedia pelo aumento dos salários e um repasse maior dos lucros gerados pela transmissão por streaming, entre outras coisas. Além disso, posteriormente, em julho, o sindicato de atores SAG-AFTRA também aderiu à greve, fortalecendo o movimento na indústria.

Depois de rejeitarem uma tentativa de acordo com os estúdios em agosto, o WGA concordou com uma nova proposta para encerrar a greve. Confira um resumo dos pontos cobertos pelo novo contrato com a AMPTP:

Transmissão e streaming

O sindicato foi vitorioso em uma de suas principais reivindicações com a greve: aumentar o repasse dos lucros em streaming. Eles terão um “bônus baseado no sucesso”, ou seja, um pagamento adicional para programas de TV e filmes originais de sucesso nas plataformas. O valor se aplica apenas a obras de alto orçamento (a maioria), feitas para streaming e lançadas a partir de 2024.

Os títulos vistos por 20% ou mais dos assinantes nacionais do serviço nos primeiros 90 dias de lançamento, ou nos primeiros 90 dias de qualquer ano, resultam em um bônus de US$ 9.000 a US$ 16.400 para episódios de TV e US$ 40.500 para longa-metragens com orçamento superior a US$ 30 milhões.

O cálculo residual estrangeiro também deve aumentar 75% em três anos nos maiores streamings. De acordo com o sindicato, o pagamento da Netflix por episódios de TV de uma hora subirão para US$ 32.830 em três anos, em comparação com os US$ 18.684 atuais.

Além disso, os roteiristas que trabalham em filmes feitos para streaming também ganharão 18% a mais na remuneração mínima, que sobe para US$ 100 mil para filmes com orçamento de pelo menos US$ 30 milhões, sem contar com os residuais estrangeiros. No caso de reescritas de rascunhos de roteiros, os escritores também receberão um segundo pagamento.

Duração do trabalho

As novas regras também definem a duração do emprego. Agora, segundo a associação, “dois roteiristas-produtores devem ser contratados por pelo menos 20 semanas de produção ou pela duração da produção junto com o showrunner”. Dessa forma, profissionais iniciantes conseguem experiência suficiente para se desenvolverem na profissão.

Para salas de pré-luz verde, durante o processo de evolução, se três roteiristas forem contratados, pelo menos três roteiristas-produtores (incluindo showrunner) terão garantia de 10 semanas consecutivas de emprego. Assim, eles acumulam rendimentos suficientes para terem direito a cuidados de saúde.

Quantidade de roteiristas

O WGA pediu um mínimo de seis roteiristas para uma série pelo menos seis episódios por temporada. O acordo prevê a contratação de pelo menos três roteiristas-produtores sênior para todas as séries, podendo incluir o showrunner.

Enquanto isso, o número de membros júnior ou redator da equipe aumentará de acordo com a quantidade de episódios. Uma série de seis episódios exige pelo menos três contratações de roteiristas. Já séries com 7 a 12 episódios precisam contratar cinco roteiristas, enquanto séries a partir de 13 episódios devem contratar seis. A exceção fica para programas com roteiristas solo, como “The White Lotus” e “Big Little Lies”, por exemplo.

No caso de roteiristas que trabalham em duplas ou grupos, os benefícios de saúde e previdência, “cada redator de uma equipe de redatores empregada para um roteiro receberá pensões e contribuições de saúde até o limite relevante, como se fossem um único redator, em vez de dividir o limite aplicável”, como acontecia anteriormente.

Inteligência artificial

Quanto à temida inteligência artificial, o contrato decidiu que “o material gerado pela IA não pode ser usado para minar o crédito ou direitos separados de um escritor”. Ou seja, a IA não pode escrever ou reescrever material literário, e o material gerado pela IA não será considerado material de origem.

Em contrapartida, os roteiristas podem usar IA para redigir textos desde que tenha o consentimento da empresa e que esteja dentro de suas políticas. Entretanto, a empresa não pode exigir que um escritor use um software de IA na redação.

Além disso, a empresa deve informar ao redator se algum material fornecido for proveniente de IA ou conter material gerado por IA. Por fim, o WGA aponta que o uso de material de escritores para treinar IA é proibida por lei.

Com informações da Variety.

Isabela Oliveira

Isabela Oliveira

Jornalista formada pela Unesp. Com passagem pelo site de turismo Mundo Viajar, já escreveu sobre cultura, celebridades, meio ambiente e de tudo um pouco. É entusiasta de moda, música e temas relacionados à mulher.

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