Fofoca — algo que to-do mun-do faz, mas nem todo mundo gosta de admitir — pode ter um lado bom. Na verdade, uma pesquisa que envolveu cientistas da Holanda, Hungria e China indica que, sim, falar do coleguinha pode até fazer bem à saúde. Dos relacionamentos, no caso.
O estudo, publicado nesta terça-feira (4) na revista Royal Society, aponta que, se as informações compartilhadas forem baseadas na verdade, elas podem ter um efeito positivo nos relacionamentos.
A resposta está em um modelo matemático que tenta explorar quando a fofoca é provavelmente honesta ou desonesta. A partir disso, o cálculo prevê como os cenários se desenrolam entre os envolvidos.
No experimento, os pesquisadores simulavam fofocas como um triângulo. Em uma ponta estava um fofoqueiro, na outra o destinatário e, no topo, aquele que seria o “alvo” da fofoca.
Em quatro interações distintas, o cálculo tentou prever possíveis repercussões. Exemplo: a troca beneficiou o fofoqueiro ou a pessoa que ouviu a fofoca, ambos ou nenhum deles?
Os testes mostraram que, em geral, os fofoqueiros são honestos quando compartilham um mesmo objetivo com as outras partes. Se isso acontece, a conexão entre eles aumenta.
Honestidade em jogo
Mas, quando os objetivos eram incompatíveis com o destinatário e alvo das fofocas, é muito mais comum que o fofoqueiro estivesse mais propenso a dizer mentiras.
Ali, os pesquisadores encontraram evidências de que os fofoqueiros decidem perfeitamente se vão mentir, ou não, a depender da situação e como isso lhes convém.
“Mostramos que o que determina a honestidade é o custo-benefício resultante de fofocas honestas ou desonestas”, diz o artigo. Ainda assim, os modelos de pesquisa são teóricos, e não refletem a complexidade das interações sociais do ser humano. Por isso, o estudo ainda demanda aprofundamento.
Um exemplo disso é que o estudo só foi capaz de supor que o destinatário da fofoca acreditou no que está ouvindo – o que nem sempre é verdade.
Desonestidade é mais comum com rivais
Essa não é a primeira pesquisa sobre o assunto. Estudos anteriores indicam que a fofoca envolve mais desonestidade entre pessoas rivais.
Uma pesquisa da Universidade de Queensland, da Austrália, publicada em julho de 2020 na revista Psychological Science, sugere que fofocar com rivais aumenta a probabilidade de dizermos mentiras.
Outra pesquisa, do Departamento de Psicologia da Knox College, dos EUA, publicada no Journal of Applied Social Psychology em julho de 2007, aponta que a fofoca entre pessoas queridas é mais provável de ser positiva e pode aumentar a conexão entre o grupo. Fofoca edifica?