Foguete movido a biocombustível quer se tornar um “Uber para o espaço”

Mesmo com a temperatura abaixo de zero e muitos problemas técnicos, o foguete Stardust 1.0 recebeu seu primeiro teste no domingo (31).
Imagem: KNACK FACTORY / CORTESIA AEROSPACE

A startup bluShift Aerospace, que pretende ser uma espécie de “Uber do espaço”, lançou neste domingo (31) seu primeiro protótipo de foguete movido a biocombustível chamado Stardust 1.0. Mesmo com a baixa temperatura no local do teste influenciando nos resultados obtidos, esta primeira experiência representou um marco importante para a empresa, que pretende lançar missões sob medida para satélites minúsculos.

O modelo apresentado é um pequeno foguete de sondagem alimentado por um combustível sólido derivado biológico. Ele vai atuar como um teste para futuros foguetes bluShift, que serão capazes de lançar minúsculos nanossatélites. Ele tem 6 metros de altura e pode carregar 8 quilogramas de carga útil. Basicamente não precisa da infraestrutura de alta tecnologia de foguetes maiores, o que ajudará a tornar a pesquisa espacial acessível a mais pessoas.

O motor de foguete modular adaptável do bluShift usa um biocombustível sólido que a empresa afirma não ser tóxico, neutro em carbono e produzido em fazendas nos EUA a baixo custo. “Ele usa óxido nitroso borbulhado com oxigênio como um oxidante”, disse Sasha Deri, CEO da empresa.

O lançamento tinha três cargas úteis principais: um cubo construído por alunos de uma escola pública com uma câmera GoPro, transmissor de rádio e sensores a bordo; um experimento laboratorial para testar os efeitos de amortecimento da vibração do nitinol, uma liga de níquel-titânio com memória de forma; e uma caixa cheia de cookies holandeses para a empresa de desenvolvimento de software Rocket Insights, como uma homenagem à sua empresa-mãe, Dept.

Esta não foi a primeira tentativa de lançamento do Stardust 1.0, já que a data original, 14 de janeiro, foi adiada devido as péssimas condições de tempo. No domingo, as coisas não mudaram e foram necessárias três tentativas, pois houve inicialmente um problema com uma válvula oxidante que impediu o foguete de decolar, mesmo com o combustível sólido inflamado. Depois, a ignição do foguete não disparou conforme planejado. Na terceira e última vez, ele decolou, ainda que não tenha alcançado o espaço (ele nem mesmo passou de uma milha).

A companhia está planejando dois foguetes suborbitais maiores, chamados de Stardust 2.0 e Starless Rogue, para fornecer até 6 minutos de gravidade zero para cargas úteis a um custo de até US$ 300.000. Um foguete orbital planejado, chamado Red Dwarf, lançaria então nanossatélites de até 30 quilogramas.

Deri disse que a bluShift espera usar o lançamento realizado no domingo para atrair o interesse dos investidores, já que a empresa busca levantar US$ 650.000 para financiar o desenvolvimento do Stardust 2.0 e seus sucessores. Os membros da equipe principal da empresa investiram US$ 500.000 de seu próprio dinheiro no projeto e ganharam um subsídio de US$ 125.000 da Nasa, junto com fundos do Instituto de Tecnologia do Maine, que contribui para alimentar seus esforços até agora.

Fundada em 2014, a bluShift Aerospace é formada por uma equipe de oito pessoas, que tem como finalidade, lançar satélites minúsculos em órbitas polares a partir da costa do Maine. A empresa tem como alvo clientes com nanossatélites que desejam mais flexibilidade ou controle sobre suas órbitas que podem estar indisponíveis ao viajar como carga útil secundária com outro provedor de lançamento, como SpaceX ou Rocket Lab.

[Space, BBC]

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