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Força Espacial dos EUA divulga sua primeira doutrina militar

A Força Espacial lançou uma doutrina militar de 64 páginas, explicando por que os Estados Unidos precisam demonstrar sua influência no espaço e como o ramo militar nascente buscará manter o domínio em um lugar até agora intocado pela guerra. Os humanos lutaram na terra e na água por milênios e no ar por mais […]

Logo da Força Espacial. Imagem: USSF

A Força Espacial lançou uma doutrina militar de 64 páginas, explicando por que os Estados Unidos precisam demonstrar sua influência no espaço e como o ramo militar nascente buscará manter o domínio em um lugar até agora intocado pela guerra.

Os humanos lutaram na terra e na água por milênios e no ar por mais de um século. Quanto à luta no espaço, só na ficção científica. A Força Espacial dos EUA (USSF, na sigla em inglês), lançada há menos de um ano, precisará aprender na prática como isso funciona, dada a total falta de precedentes. Para fazer as coisas andarem, o sexto braço militar dos militares dos EUA (embora tecnicamente ainda faça parte da Força Aérea) lançou sua primeira doutrina militar, intitulada “Spacepower“.

Repare bem que não é “space power”, mas “spacepower”. Cortar o espaço faz toda a diferença e deixa seus inimigos tremendo de medo.

Neologismos supérfluos à parte, este documento servirá como um guia preliminar para a USSF, apresentando a “primeira articulação das forças armadas dos EUA de uma teoria independente do poder espacial”, como escreveu o general John Raymond, chefe de operações espaciais da USSF em sua introdução à nova doutrina.

O documento, diz ele, mostra como o poder espacial é “vital para nossa nação, como o poder espacial militar é empregado, quem são as forças espaciais militares e qual o valor delas”.

Um braço militar dedicado ao espaço é necessário para lidar com a “realidade atual de que nossos adversários fizeram do espaço um domínio de guerra”, de acordo com um comunicado da USSF. Esta é uma referência óbvia à China e à Rússia, mas também é a maneira dos Estados Unidos de dizer: foram eles que começaram.

A fronteira final continua sendo um território virgem em combates, mas não está claro quanto tempo isso vai durar. A China já é capaz de derrubar mísseis no espaço, e a Rússia está supostamente desenvolvendo um sistema de laser para destruir satélites. A militarização do espaço parece estar avançando a todo vapor, e os EUA chegaram à festa.

Um princípio central da nova doutrina é proteger os interesses nacionais dos EUA no espaço, que podem incluir recursos vitais como comunicações e satélites de vigilância, mas também as políticas atuais da nação.

Como observa o novo documento, o espaço é tanto uma “fonte e canal através do qual uma nação pode gerar e aplicar poder diplomático, informativo, militar e econômico” e, como qualquer fonte de poder militar, os EUA “devem cultivar, desenvolver e avançar o poder espacial para garantir a prosperidade e a segurança nacional”.

Capa da nova doutrina da USSF, intitulada “Spacepower”. Imagem: USSF

A doutrina também reconhece o espaço como um domínio único de combate, que exigirá que o poder espacial seja “inerentemente global”. Além disso, o espaço é um lugar vulnerável para conduzir operações, já que um ataque bem-sucedido no espaço, na superfície da Terra ou nas áreas entre as duas coisas pode “neutralizar um recurso espacial”, de acordo com a doutrina. O documento afirma que, para o poder espacial atingir seu maior potencial, ele deve ser integrado com sucesso a outras formas de poder militar.

São descritas três responsabilidades principais para a USSF defender: preservar a liberdade de ação no espaço, permitir “letalidade e eficácia conjuntas” e fornecer várias opções para os líderes dos EUA ajudarem em seus objetivos nacionais. Isso subsequentemente “molda nossa identidade de igualdade com os outros combatentes responsáveis ​​pelo poder militar nos domínios aéreo, marítimo, terrestre e cibernético”, segundo o documento. Em outras palavras, a USSF é tão importante quanto os outros caras, ou logo será.

Várias competências essenciais, como segurança espacial, mobilidade e logística espaciais e consciência do domínio espacial ajudarão a cumprir essas responsabilidades, de acordo com a doutrina. Além do mais, o poder espacial exigirá exploradores, diplomatas, empresários, cientistas e desenvolvedores, juntamente com experiência em coisas como guerra orbital e operações cibernéticas.

Essa doutrina provavelmente mudará com o tempo, devido ao estado nascente do tal do poder espacial. Mas o espaço, como o novo documento deixa bem claro, agora é oficialmente um lugar os negócios da guerra.

É muito triste que tenhamos chegado a esse ponto, mas os humanos levam conflito para onde eles vão. O esforço de décadas para manter o espaço como um domínio não militarizado parece ter chegado ao fim.

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