Fotossíntese na escuridão? Microalgas do Ártico contrariam a teoria
Alguns aspectos da fotossíntese continuam sendo um mistério para os cientistas. Isso porque microalgas do ártico desafiaram a teoria sobre o fenômeno, fazendo fotossíntese na escuridão.
A impressionante descoberta foi realizada pela expedição MOSAiC, que publicou um estudo revelando que a fotossíntese pode ocorrer em condições quase sem luz.
Com a participação de 600 cientistas de 20 países, a expedição ocorreu entre setembro de 2019 e dezembro de 2020. A maior do Ártico de todos os tempos, a expedição conseguiu realizar estudos em diversas áreas.
Como parte da expedição, um estudo publicado em setembro deste ano observou a fotossíntese de microalgas que vivem sob a neve e as camadas de gelo do Oceano Ártico, onde a escuridão é cotidiana.
A fotossíntese converte a luz do sol em energia utilizável e sempre foi mensurada em níveis de luz significativamente superiores ao nível mínimo. No entanto, o estudo demonstra que o acúmulo de biomassa pode ocorrer em uma quantidade próxima desse mínimo.
Desse modo, o estudo refuta teorias anteriores sobre condições mínimas de luz para realização da fotossíntese.
Segundo Clara Hoppe, coautora do estudo, os pesquisadores usaram sensores de luz ultra sensíveis para medir a luz disponível no gelo e na água. Assim, eles combinaram as medidas com dados biológicos para confirmar que o processo de fotossíntese nessas condições extremas.
A fotossíntese de microalgas no Oceano Ártico recebeu 0,0001% da quantidade de luz presente na superfície da Terra em um dia ensolarado, quase escuridão total.
De acordo com o estudo, as implicações da descoberta da fotossíntese de microalgas na escuridão se estendem para além do Oceano Ártico, indicando estratégias similares de organismos em outras regiões.
“É impressionante ver como as algas usam quantidades de luz tão baixas de maneira tão eficiente. Isto mostra, novamente, como organismos se adaptam bem aos seus ambientes”, afirmou Hoppe.