Fábrica responsável por produção de Kindles na China viola todos os tipos de leis trabalhistas

Os funcionários que produzem os alto-falantes Echo da Amazon e os e-readers Kindle na China estão expostos a ambientes de trabalho terríveis e condições que violam a legislação do país, de acordo com um relatório emitido por um grupo de fiscalização. • Um Amazon Echo gravou conversa entre casal e a enviou para outro usuário […]
Logo da Amazon em uma parede amarela.

Os funcionários que produzem os alto-falantes Echo da Amazon e os e-readers Kindle na China estão expostos a ambientes de trabalho terríveis e condições que violam a legislação do país, de acordo com um relatório emitido por um grupo de fiscalização.

• Um Amazon Echo gravou conversa entre casal e a enviou para outro usuário
• Armazéns e fábricas de Amazon e Tesla estão entre as mais perigosas de se trabalhar nos EUA

O China Labor Watch passou nove meses investigando as condições de trabalho de uma fábrica da Foxconn que é responsável pela produção de produtos da Amazon na cidade de Hengyang, na China. O grupo descobriu que os funcionários eram forçados a trabalhar quantidades absurdas de horas extras, recebiam treinamento inadequado e eram submetidos a precauções de segurança abaixo do padrão que os colocam em risco.

De acordo com o relatório, os funcionários encarregados de fabricar os dispositivos Amazon Echo e Kindle precisavam trabalhar mais de 100 horas extras por mês durante a temporada de pico de produção – quase três vezes mais do que o limite de 36 horas mensais imposta pela lei trabalhista chinesa.

Além da hora extra, os funcionários também tinham que comparecer em suas estações dez minutos antes de seus turnos começarem, sem receber nenhuma compensação por isso. Muitos deles também tinham que trabalhar 14 dias seguidos, sem nenhuma folga – tudo isso por um salário de US$ 2,26 por hora.

“Todos os funcionários estão sujeitos a longas horas de trabalho e a salários baixos”, diz o relatório. “Como os salários são baixos, os trabalhadores precisam fazer horas extras para ganhar o suficiente para ter um padrão de vida digno”.

A situação costuma ser ainda pior para os “funcionários de expedição”, que são funcionários temporários trazidos para a fábrica quando é preciso produzir mais. Esse tipo de mão-de-obra continua sendo popular na China porque a empresa de expedição – não a fábrica – que é considerada ligada ao trabalhador, portanto os gerentes das fábricas conseguem burlar as regras e abusar das leis trabalhistas.

O relatório alega que a fábrica da Foxconn muitas vezes excede o número de funcionários de expedição permitidos, e que esses trabalhadores trabalham muitas horas por um salário ainda menor. Os funcionários de expedição não recebem salários maiores pelas horas extras, não possuem licença médica remunerada e são obrigados a cobrir suas próprias taxas para um exame médico ao iniciar o trabalho na fábrica.

A fábrica muitas vezes abdica às exigências de treinamento durante 24 horas para os funcionários, oferecendo apenas oito horas de experiência e treinamento de segurança antes de colocá-los linha de montagem. A situação de segurança era ainda pior nos dormitórios onde os trabalhadores moravam, que não possuem saídas de emergência e não dispõem de extintores de incêndio ou de outras precauções básicas de segurança.

O China Labor Watch concluiu o relatório dizendo:

A Amazon tem capacidade não apenas de assegurar que as fábricas de seus fornecedores respeitem os direitos dos trabalhadores, mas também de pagar igualmente para os trabalhos similares. Os lucros da Amazon vieram em detrimento de funcionários que trabalham em condições terríveis e não têm escolha a não ser fazer horas extras excessivas para se sustentarem.

A Amazon disse ao Gizmodo que realizou sua própria auditoria na fábrica da Foxconn em março e encontrou “dois problemas preocupantes” que exigiam atenção.

“Solicitamos imediatamente um plano de ação corretiva da Foxconn Hengyang detalhando seu plano para remediar os problemas identificados, e estamos conduzindo avaliações regulares para monitorar a implementação e a conformidade com nosso Código de Conduta do Fornecedor”, disse um porta-voz da Amazon ao Gizmodo. “Estamos comprometidos em garantir que esses problemas sejam resolvidos”.

A Amazon tem sido criticada nos últimos meses por suas práticas trabalhistas nos EUA também. Um relatório recente descobriu que os armazéns da empresa são considerados um dos locais de trabalho mais perigosos do país, e os funcionários do armazém muitas vezes vivem de vale-refeição. A empresa liderada pelo homem mais rico do mundo é capaz de fazer melhor do que isso.

[Bloomberg, Gaurdian]

Imagem do topo: Getty

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