Este ano, o inverno no Brasil está sendo marcado por ondas de calor alternadas com períodos de quedas de temperatura. Além da fumaça das queimadas, que podem até prejudicar mentalmente os jovens, como as mudanças bruscas de temperatura afetam a saúde humana?
O Dr. Benji Mathews, chefe de medicina hospitalar norte-americano, explicou à rede de TV norte-americana CBS, que os vírus prosperam no ar frio e seco. Isso porque eles constroem uma “casca protetora” ao seu redor “que os ajuda a viajar pelo ar por mais e mais tempo”.
Além disso, o frio afeta nosso muco e nos torna mais propensos a prender bactérias, de acordo com o médico. E, dentro de ambientes fechados, a propagação de doenças entre as pessoas se torna mais provável, principalmente para aquelas com condições crônicas.
Frio pode causar mais infecções, sugere estudo
De acordo com um estudo publicado na National Library of Medicine, “tanto a temperatura quanto a umidade podem contribuir de forma independente ou conjunta para o risco de infecções por rinovírus humano (HRV)”.
As infecções por rinovírus humano podem provocar resfriado, otite, sinusite, bronquiolite, pneumonia, asma ou doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).
Examinando a relação entre variações de curto prazo na temperatura e na umidade e o risco de infecções em um clima subártico, o estudo descobriu que, para populações que residem em climas frios, a redução na temperatura média e máxima de 1 °C aumentou o risco de infecção por HRV em 8% nos três dias precedentes ao diagnóstico. A redução na umidade absoluta também elevou o risco de infecções.
Embora as infecções sejam identificadas em todo o ano, estudos sugerem um pico no inverno, com a baixa da temperatura e o ar seco. As razões são desconhecidas, porém podem estar ligadas à diminuição da temperatura das vias aéreas superiores e ao ressecamento da membrana mucosa, que pode aumentar a suscetibilidade do hospedeiro a infecções virais.
Além disso, o resfriamento da superfície corporal pode provocar sintomas no hospedeiro, bem como a baixa temperatura e a umidade podem melhorar a estabilidade do patógeno e a transmissão do vírus. Portanto, a proteção adequada do corpo pode reduzir os problemas.
De acordo com a clínica Piedmont, nos EUA, fatores como vestimentas inadequadas ao clima, por exemplo, podem provocar doenças do trato respiratório. Além disso, a exposição a aquecedores e ares-condicionados durante períodos de flutuações de temperatura pode afetar problemas crônicos de sinusite e garganta. As mudanças afetam até mesmo alergias sazonais ao pólen, visto que confundem os padrões das plantas.
Idosos podem sofrer mais com mudança de temperatura
Segundo o National Institute of Aging dos EUA (via Safety and Health Magazine), o envelhecimento faz com que o clima frio desloque o calor do corpo mais rapidamente. Por essa razão, pessoas mais velhas são mais suscetíveis à hipotermia, além de terem mais dificuldade em identificar uma quantidade perigosa de frio.
A hipotermia acontece quando o corpo perde calor mais rápido do que consegue produzi-lo, reduzindo muito a temperatura corporal. Quando muito baixa, ela pode resultar em ataque cardíaco, problemas renais e danos ao fígado, por exemplo.
Alguns sinais são pés e mãos frios, rosto inchado, pele pálida, tremores, fala mais lenta que o normal, sonolência, raiva ou confusão. Outros indicativos mais avançados incluem movimentos lentos, dificuldade para caminhar, movimentos rígidos e bruscos, batimento cardíaco lento, respiração lenta, desmaios ou perda de consciência.
Além disso, algumas doenças podem dificultar o aquecimento do corpo, como problemas de tireoide e diabetes.
Já no calor, a hipertermia pode provocar tontura, cãibras, edema e exaustão. Desmaios podem ser os primeiros sinais de insolação, mas outros deles são confusão, agitação, cambaleio, mau humor, temperatura corporal acima de 40°C, pele seca e avermelhada, pulso forte e rápido ou lento e fraco e ausência de suor.
A insolação acontece quando o corpo não consegue controlar sua temperatura, que sobe rapidamente enquanto o mecanismo de suor falha e o corpo não consegue se resfriar. Desidratação, doenças crônicas e consumo de álcool aumentam o risco do problema.