Quando se fala em sustentabilidade, um grande desafio a ser contornado é a forma como lidamos com os restos mortais de seres humanos. Na maior parte do mundo, a destinação mais comum do corpo após a morte é o enterro ou a cremação. Contudo, ambos os métodos não são boas opções quando o assunto é um “funeral ecológico”.
Com isso, estão surgindo novas alternativas, sendo uma delas a chamada “aquamação” (ou “liquefação”). O nome científico do processo é hidrólise alcalina, e consiste em esquentar o corpo a 150°C em uma mistura de água e hidróxido de potássio por 90 minutos.
Isso faz com que o tecido corporal se dissolva, restando apenas os ossos, que são então enxaguados a 120°C, secos e pulverizados em uma máquina chamada cremulador. Depois disso, os familiares podem enterrar ou espalhar os restos mortais — da mesma forma como aconteceria após uma cremação tradicional.
Aquamação acelera decomposição
A técnica simula o processo de hidrólise alcalina que ocorre naturalmente quando um corpo se decompõe. Mas, neste caso, em vez de acontecer em um período de 20 anos, a decomposição ocorre rapidamente, em cerca de 16 horas.
A Bio-Response é, atualmente, a maior fabricante do mundo de máquinas que fazem a aquamação. A startup exporta cerca de 100 câmaras para todo o mundo por ano. Os interessados neste método podem usar os equipamentos com corpos de seres humanos ou até de animais de estimação.
O empreendimento não é uma funerária ativa e, legalmente, não pode processar seres humanos, mas usa animais mortos para mostrar aos possíveis compradores como o equipamento funciona. Mais da metade dos estados norte-americanos já legalizaram a prática, assim como outros países.
O objetivo é garantir uma alternativa mais sustentável, com menor consumo de energia, além de menos poluente. Segundo a empresa dos Estados Unidos, essa tecnologia reduz o uso de energia em 90% em relação à cremação com chamas. As informações são do site Popular Science.
Como a máquina funciona, exatamente?
O procedimento ecológico literalmente reduz cadáveres a líquidos e cinzas, em um processo que consome menos energia. A prática pode parecer assustadora, mas é bem simples. A máquina liquefaz os corpos após ser abastecida com uma mistura de água quente e hidróxido de potássio. Juntos, os dois decompõem o corpo até restarem somente os ossos.
Os equipamentos acomodam um ser humano por vez e, após serem preenchidos com a solução alcalina, são inclinados em um ângulo. Isso permite que menos água seja usada, porque o corpo dentro da câmara cai naturalmente em uma posição agachada quando inclinado.
O trabalho dura entre 16 e 18 horas. Depois, a empresa drena o líquido, remove os ossos restantes, para que eles sejam secos e moídos em um pó fino. Posteriormente, os entes queridos da pessoa falecida recebem os restos mortais.
O processo resulta em um líquido marrom, feito de subprodutos naturais da decomposição, incluindo aminoácidos, sal e açúcar. Dizer que o líquido não tem cheiro seria exagero, mas não é nada comparado ao forte odor de um corpo em decomposição.
Atualmente, a Bio-Response oferece duas opções para cadáveres humanos com temperaturas diferentes, embora fabrique máquinas personalizadas para quase todos os tamanhos de organismos imagináveis.
Outra tendência de funeral ecológico é a chamada compostagem humana. Essa prática consiste na transformação dos restos humanos em solo rico em nutrientes, por meio de uma aceleração natural. O corpo humano é submetido a altas temperaturas, permitindo as condições ideais de umidade e oxigenação para que os micróbios e bactérias façam mais rapidamente o trabalho de decomposição.