Os primeiros passos do 5G em testes no Brasil
Estamos empolgados pela chegada do 5G, e por sua promessa de maiores velocidades e menor latência. Claro, Ericsson e Nokia mostraram na feira Futurecom o que esperar dessa tecnologia.
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Antes de tudo, vale lembrar que esta é uma fase bem preliminar para o 5G – especialmente no Brasil, onde ainda estamos desligando a TV analógica para dar espaço ao 4G. Mesmo assim, é interessante ver o que o futuro das conexões móveis nos reserva.
Carlos Camardella, executivo da Claro, explicou ao Gizmodo Brasil o sistema demonstrado na feira junto à Ericsson. Há três elementos principais: uma estação rádio base que transmite quatro vídeos em 4K por fibra óptica…
… um equipamento de radiofrequência que recebe esses vídeos e os transmite sem fio…
… e um receptor modificado que captura esses dados.
Este receptor, por sua vez, retransmite os vídeos por fibra óptica até um switch conectado a um conjunto de laptops, para exibir tudo nas telas 4K.
O foco desta demonstração claramente é velocidade: um mostrador exibia o throughput girando em torno de 4 Gbps. O sistema atinge esses patamares usando quatro faixas com 100 MHz de capacidade cada; o 4G normalmente usa faixas de até 20 MHz.
Um dos problemas do 5G é a menor cobertura de cada antena. O sistema demonstrado pela Ericsson usa a frequência de 15 GHz; quanto maior a frequência, menor a cobertura. A solução seria instalar diversas small cells pelas cidades, diz Camardella, ou até mesmo dividir infraestrutura entre operadoras.
Latência
Enquanto isso, a demonstração da Nokia para o 5G focou em latência, isto é, no tempo que leva para você enviar uma solicitação pela internet e ela ser respondida.
No vídeo abaixo, três braços robóticos trocam dados entre si para equilibrar uma pequena esfera no centro de uma superfície. Comunicando-se com a latência de 90 milissegundos do 4G, eles equilibram a bolinha em onze segundos. No entanto, com a latência de 3ms prometida para o 5G, eles atingem o equilíbrio em apenas três segundos.
A latência pode ser crucial para aplicações que exigem resposta rápida, desde controlar dispositivos inteligentes na sua casa até realizar cirurgias à distância.
Na feira, o engenheiro Tomas Rivera explicou ao Gizmodo Brasil que existe um trade-off, uma troca entre velocidade e latência. Ele oferece uma boa analogia para entender isso.
Imagine uma frota de táxis que acomodam quatro pessoas cada; eles enchem de passageiros e saem para levá-los aos seus destinos. Agora imagine um ônibus para quarenta pessoas que leva cada uma delas ao seu respectivo destino.
Com qual deles o passageiro chega mais rápido, isto é, qual tem a menor “latência”? É o táxi. Qual deles transporta mais pessoas, isto é, tem maior “largura de banda”? É o ônibus. Da mesma forma, há um trade-off nas redes entre distribuir muitos pacotes, ou distribuí-los mais rápido.
Em alguns casos, a largura de banda é mais importante (Netflix e YouTube); em outros, o que importa é ter uma resposta rápida (controlar sua casa inteligente). Para decidir entre um e outro, cada torre de antena 5G terá um sistema na nuvem para analisar as aplicações, em vez de tudo ir até a central da operadora.
Quando?
Camardella lembra que a Ericsson está trabalhando com a Verizon para implementar o 5G nos EUA, levando internet de alta velocidade onde a fibra óptica não chega. Isso deve ser inaugurado já no ano que vem.
A Ericsson também fez parceria com a Intel e a Cisco para miniaturizar roteadores 5G. A tecnologia só deve chegar a smartphones em 2019, no entanto, quando o padrão estiver fechado – é quando a Qualcomm, principal fabricante de componentes, pretende adotá-lo em larga escala.
Para ser finalizado, o 5G depende da ITU-R, setor da União Internacional de Telecomunicações (UIT) que definirá as frequências; e do 3GPP, que definirá as tecnologias e os padrões a serem usados.
No Brasil, o 5G ainda precisaria ser liberado pela Anatel após a decisão final da UIT e após uma consulta pública. Isso deve ocorrer a partir de 2020.