Voto de castidade? Não, apenas uma mãozinha da mãe natureza. As fêmeas da espécie de gafanhotos Warramaba virgo, que vivem na Austrália, são capazes de gerar descendentes sem precisar de sexo.
Estes insetos se reproduzem por partenogênese, um tipo de reprodução assexuada em que o embrião se desenvolve sem que um óvulo seja fecundado. A espécie foi descrita neste estudo publicado na revista Science.
Como explicam os pesquisadores da Universidade de Melbourne, na Austrália, essas fêmeas de gafanhoto são capazes de criar clones a partir da duplicação de seus próprios cromossomos.
Os cientistas aplicaram exames genéticos na população de gafanhotos e descobriram que, realmente, os insetos são todos idênticos. O grupo de Warramaba se originou de uma mesma fêmea, há 250 mil anos.
A matriarca da família, por sua vez, foi produto do cruzamento entre duas espécies diferentes de gafanhoto. Os pesquisadores queriam saber a vantagem da reprodução assexuada. Então, compararam a espécie híbrida com aquelas que a geraram.
Foram examinadas 14 características para medir a aptidão física do Warramaba, incluindo quantos ovos eles colocam, quanto tempo levam para amadurecer, sua tolerância ao calor e sua resistência à desidratação. Ao final, os cientistas não encontraram grandes vantagens.
Isso levou os pesquisadores a sugerir que o verdadeiro benefício seja para a população como um todo, e não para os indivíduos. Afinal, a existência apenas de fêmeas permite uma taxa de reprodução ainda mais acelerada. Buscar por um parceiro macho, afinal, demanda tempo e energia, além de ser uma atividade perigosa. Afinal, é aquela história: em time que está ganhando, não se mexe.