Gladiador original: 1ª disputa em Roma ocorreu no ano 264 a.C
Muito antes do sucesso cinematográfico de Ridley Scott, lutas entre gladiadores já aconteciam na Itália. Acredita-se que os jogos de gladiadores tenham suas origens nos rituais de sepultamento dos etruscos, que envolviam oferendas de sangue — entre os século 8 e 3 a.C — de acordo com pinturas em tumbas.
Mas, segundo o Guinness World Records, o primeiro desses jogos em Roma foram encenados especificamente em 264 a.C pelos filhos do cônsul romano Junius Brutus Pera para marcar sua morte. O evento foi realizado no Fórum Boário, antigo mercado de gado, com confrontos entre três pares de gladiadores.
O mesmo foi feito em 65 a.C. por Júlio César, com 320 pares de lutadores, para relembrar a vida de seu pai. E, posteriormente, de sua filha.
Como começaram os jogos no Coliseu?
As primeiras disputas oficiais só aconteceram em 105 a.C. Foi com o aumento da popularidade que as lutas ganharam um significado político, simbolizando o poder de Roma, e a cidade ganhou um espaço dedicado para as práticas. Assim, em 72 d.C., o imperador Vespasiano encomendou o Anfiteatro Flaviano, o Coliseu. O edifício demorou 10 anos para ser construído. Regularmente, a estrutura recebia mais de 65 mil pessoas em suas arquibancadas.
Sua inauguração, aliás, contou com 100 dias seguidos de eventos. Nas manhãs dos eventos, os espectadores aguardavam a procissão de abertura dos jogos ao som de trombetas. Após caçadas de animais exóticos e execuções de criminosos — bem como performances artísticas dos condenados entre as matanças –, os gladiadores, vestidos como bárbaros, lutavam até a morte em duelos coreografados.
Os combates tinham supervisão de árbitros e duravam de 10 a 15 minutos; podendo chegar a 13 disputas na arena em um dia. Em alguns casos, ambas as partes saíam com vida. Isso acontecia quando, após um longo período, os gladiadores pediam misericórdia ao imperador, apoiados pela multidão. Quanto mais populares, maior a chance de sobreviverem.
O arqueólogo RRR Smith, da Universidade de Oxford, afirmou à Archaeology Magazine que “em jogos de gladiadores, na maioria das vezes, ambos os participantes deixavam a arena de pé. Os jogos não eram sobre matar, mas sobre a excitação de dois homens lutando, sobre mostrar habilidade, disciplina, resistência, força, táticas e armas diferentes”.
Como viviam os gladiadores?
Os gladiadores também ganhavam atenção de fãs e inspiravam artefatos de arte. Apesar disso, viviam segregados da sociedade em suas escolas — com passagens subterrâneas para o Coliseu –, sob o tratamento cruel de seus treinadores, lutando com espadas de madeira e se alimentando de carboidratos, principalmente cevada, para acumular gordura.
A maioria dos lutadores era de pessoas escravizadas, que cometeram crimes graves. No entanto, outros eram prisioneiros de guerra ou voluntários — e, até mesmo, nobres como o imperador Cômodo — que buscavam a fama e o alto prêmio em dinheiro. Além disso, algumas mulheres também foram gladiadoras.
Além do prêmio, os vencedores saíam pela Porta Triumphalis e recebiam uma “palma da vitória” e uma coroa de louros, nas melhores lutas. Em alguns casos, podiam até conquistar a liberdade e uma espada de reconhecimento. Já os perdedores, quando vivos, deviam se ajoelhar e segurar a perna do vencedor enquanto uma espada era cravada em seu pescoço.
Após verificarem a existência de algum sinal de vida, os corpos eram retirados pela Porta Libitinaria, enquanto seus pertences eram passados para novos recrutas.
Como os jogos chegaram ao fim?
A tradição de jogos continuou durante cerca de cinco séculos, seguindo para outras cidades e atraindo muitos turistas.
No entanto, por volta do século 3 d.C., com a crise econômica — que reduziu os patrocinadores — e a disseminação do cristianismo — que condenava a violência — no século seguinte, os jogos tiveram um declínio.
O filósofo Sêneca foi o único que protestou contra os eventos, que supostamente foram proibidos em 325 d.C. por Constantino — embora tivessem continuado clandestinamente por aproximadamente mais um século.