Golfinhos são conhecidos por serem animais muito engenhosos. Mas pesquisadores estão descobrindo que alguns animais brasileiros vão além, e conseguem até mesmo ajudar os humanos na pesca.
O caso inusitado aconteceu na costa de Santa Catarina, no município de Laguna. Lá, pescadores locais entram em águas turvas em busca de tainhas, peixe tradicional no sul do Brasil.
Por conta própria, seria complicado encontrar o peixe prateado. Mas os humanos recebem ajuda de golfinhos selvagens. Com as redes nas mãos, os pescadores esperam pacientemente enquanto seus parceiros de barbatanas encurralam os peixes em direção à costa.
O caso foi documentado em um estudo publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences. Os pesquisadores sugerem que os animais que caçam com humanos aumentaram as taxas de sobrevivência em comparação aos que não o fazem.
Os cientistas também observaram os animais se debatendo na água em determinados momentos, o que serve para alertar os pescadores sobre o local exato da captura.
“A cooperação entre humanos e animais selvagens em geral é um fenômeno raro em escala global”, disse Mauricio Cantor, biólogo da Universidade Estadual do Oregon e autor do artigo, à agência United Press International.
Como a pesquisa foi feita
Usando drones, sonar e gravação de som subaquático, os pesquisadores registraram a equipe de pesca interespécies em ação. No entanto, não são só os pescadores que se aproveitam dos golfinhos, os animais também garantem um lanchinho.
A pesquisa mostrou que os golfinhos aproveitavam para comer os peixes que estão desorientados após o lançamento dos pescadores. Alguns chegam a pegar as tainhas diretamente das redes.
Além disso, o levantamento descobriu ainda que 86% das capturas realizadas na região resultaram de “interações síncronas” com golfinhos. O estudo também mostrou que os pescadores tinham 17 vezes mais probabilidade de conseguir uma grande captura de tainha quando os golfinhos estavam presentes na lagoa.
Assim, esta parceria de pesca tem passado de geração em geração, perdurando por mais de um século e se tornando uma tradição entre pescadores e golfinhos.