Google demite mais uma pesquisadora da área de ética em inteligência artificial

Em dezembro, a especialista em ética na inteligência artificial Timnit Gebru deixou a empresa de forma bastante controversa.
Imagem: Leon Neal / Staff (Getty Images)
Imagem: Leon Neal / Staff (Getty Images)

O Google demitiu outra importante pesquisadora de inteligência artificial, Margaret Mitchell, na mais recente escalada de tensões internas na empresa. Em dezembro, a especialista em ética na inteligência artificial Timnit Gebru deixou a empresa de forma bastante controversa.

Mitchell, que antes liderava a equipe ao lado de Gebru, foi pega usando scripts automatizados para vasculhar seus e-mails de trabalho para encontrar evidências de discriminação e assédio para dar embasamento às alegações de Gebru, relata o site Axios. Em janeiro, ela perdeu o acesso a seu e-mail corporativo depois que o Google lançou uma investigação sobre sua atividade.

Em uma declaração à Reuters, a empresa afirma que a demissão de Mitchell seguiu as recomendações disciplinares de investigadores e um comitê de revisão. O Google disse que ela violou o código de conduta e as políticas de segurança e transferiu arquivos eletrônicos para fora da empresa.

Mitchell anunciou sua rescisão na sexta-feira à noite em um tuíte. Quando contatada pela CNN para comentar as alegações do Google, ela disse ao canal: “Na verdade, não sei sobre essas alegações. Quer dizer, a maior parte disso é novidade para mim.”

Ela ingressou na empresa em 2016 como cientista de pesquisa sênior e fundou a equipe de ética em IA do Google junto com Gebru. Nos últimos meses, Mitchell criticou abertamente a demissão abrupta da colega. A pesquisadora era uma dos poucas funcionárias negras da empresa (apenas 3,7% dos funcionários do Google nos EUA são negros, de acordo com seu relatório anual de diversidade de 2020). Gebru afirma que foi demitida após levantar preocupações sobre os protocolos ruins de diversidade e sobre a tentativa da companhia de censurar pesquisas críticas a seus produtos.

A demissão de Gebru “criou um efeito dominó de trauma para mim e para o resto da equipe, e acredito que estamos sendo cada vez mais castigados por esse trauma”, escreveu Mitchell no Twitter na sexta-feira (19). Outra importante pesquisadora de IA da empresa, Alex Hanna, tuitou um print naquela noite, supostamente de um e-mail que ela recebeu de chefes em que eles ameaçavam que ela seria a próxima na lista de demissões.

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Milhares de funcionários do Google e especialistas na comunidade de IA protestaram contra a decisão do Google de demitir Gebru, e isso levou a um maior escrutínio sobre a pesquisa de ética em IA da empresa. Agora parece que as tensões internas começaram a borbulhar enquanto o Google tentava amordaçar os dissidentes e virar a página sobre a polêmica, enterrando-a em uma enxurrada de mudanças de política.

No início desta semana, a empresa anunciou planos para reestruturar suas equipes de IA responsáveis ​​para consolidar a liderança de Marian Croak, vice-presidente de engenharia do Google. Horas antes da demissão de Mitchell, a empresa supostamente enviou um e-mail interno detalhando várias outras novas pesquisas e mudanças na política de diversidade que a empresa está implementando na sequência de uma investigação interna sobre a rescisão com Gebru.

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