Huawei não poderá mais usar Android com apps do Google graças à veto de Trump

A tensão entre a Huawei e os Estados Unidos atingiu um pico na semana passada, quando o presidente Donald Trump decretou restrições à companhia. Seguindo essas imposições o Google impôs um duro golpe à Huawei: foram suspensos os negócios que exigem a transferência de produtos de hardware e software para a empresa chinesa. Isso significa […]
Traseira do Huawei P30 Pro
Alessandro Feitosa Jr/Gizmodo Brasil

A tensão entre a Huawei e os Estados Unidos atingiu um pico na semana passada, quando o presidente Donald Trump decretou restrições à companhia. Seguindo essas imposições o Google impôs um duro golpe à Huawei: foram suspensos os negócios que exigem a transferência de produtos de hardware e software para a empresa chinesa.

Isso significa que novos produtos da Huawei poderão utilizar somente a versão de código aberto do Android – o Android Open Source Project (AOSP). A versão licenciada pelo Google, que conta com aplicativos como Chrome, Gmail, YouTube e a loja de apps Play Store, não estará mais disponível nos smartphones da marca. A Huawei também perde o suporte técnico e colaboração do Google para atualizações.

A informação foi revelada pela Reuters e confirmada posteriormente em um tuíte na conta oficial do Android. Os atuais celulares continuarão funcionando normalmente, com acesso à Play Store e demais aplicativos – apenas novos modelos enfrentarão a restrição.

A Huawei ainda poderá utilizar o Android, mas numa versão capada, sem os produtos do que exigem licença do Google. Para o mercado chinês, a medida pouco importa, já que esses produtos do Google são restritos no país e existem alternativas locais de empresas como Tencent e Baidu.

Ao Verge, a Huawei enviou o seguinte comunicado:

“A Huawei realizou contribuições substanciais ao desenvolvimento e crescimento do Android ao redor do mundo. Como uma das parceiras chave do Android, trabalhamos de perto com sua plataforma de código aberto para desenvolver um ecossistema que beneficia tanto os usuários quanto a indústria.

A Huawei continuará oferecendo atualizações de seguranças e serviços de pós-venda para todos os smartphones e tablets Huawei e Honor, cobrindo todos aqueles que já foram vendidos e estão em estoque no mundo todo.

Continuaremos a construir um ecossistema de software seguro e sustentável, com o objetivo de oferecer a melhor experiência para todos”

Conforme o comunicado, os aparelhos em estoque nas lojas continuarão com a versão tradicional do Android com aplicativos do Google – modelos fabricados a partir de agora já não contarão com essa opção. A companhia reestreou no mercado brasileiro na última sexta-feira.

Ao Gizmodo Brasil, a companhia esclareceu melhor o tipo de suporte que vai oferecer para compradores de produtos da marca:

Todos os smartphones existentes do portfólio Huawei, ou seja, aqueles que já foram vendidos e aqueles que estão atualmente à venda e em estoque, podem ser usados normalmente e não serão afetados. Além disso, esses dispositivos podem continuar a usar e atualizar serviços do Google, como o Google Play, o Gmail, etc. Da mesma forma, esses produtos continuarão recebendo atualizações dos patches de segurança do Google e poderão atualizar, sem nenhum problema, todos os aplicativos disponíveis no Google Play, incluindo todos os aplicativos de terceiros.

Apesar da restrição às empresas chinesas, o Departamento de Comércio dos EUA estabeleceu 19 de agosto como a última data para pessoas e companhias com equipamentos da Huawei para manter operante as redes de comunicação e dispositivos de acordo com a Reuters, citando uma porta-voz do governo.

A Huawei vinha tendo bons resultados e já figurava como segunda maior fabricante de smartphones do mundo, colada na líder Samsung. As imposições americanas devem impactar na presença global da companhia – metade de suas vendas acontece fora da China.

A empresa chinesa revelou em março que havia desenvolvido um sistema operacional próprio como um plano B. Um porta-voz da Huawei disse à Reuters que os advogados da empresa estão estudando o impacto das ações do Departamento de Comércio dos EUA.

A Bloomberg publicou neste domingo (19), que Intel, Qualcomm, Broadcom, Western Digital e outras fabricantes de chips devem embarcar nessas restrições, impondo maiores desafios à Huawei. De acordo com as fontes da reportagem, funcionários de grandes fabricantes de chips dos EUA foram informados que suas companhias irão congelar o fornecimento de chips com a Huawei até segunda ordem.

A Huawei ainda deve enfrentar problemas de licenciamento com o Windows em seus notebooks.

Na última quarta-feira (15), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, proibiu que empresas norte-americanas utilizem equipamentos de telecomunicações estrangeiros que, segundo ele, coloquem em risco a segurança nacional. O texto declara estado de emergência pelos riscos que os equipamentos importados de telecomunicações representam ao país, como sabotagem, riscos para a segurança nacional e efeitos catastróficos para a infraestrutura e a economia digital dos EUA. Na prática, isso dificulta que a Huawei faça negócios com empresas americanas.

Um porta-voz do Ministério do Comércio da China disse que o país se opõe às medidas, destacando que essas iniciativas devem prejudicar ainda mais as relações comerciais entre os dois países.

Na sexta-feira (17), o Departamento de Comércio dos EUA disse que estava considerando redimensionar as restrições para “prevenir a interrupção de operações de redes e equipamentos existentes”. Ainda não está claro qual será o próximo passo.

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