Ciência

Gordura no fígado: médicos mudam nome da doença para combater estigma

Medida é consenso entre profissionais da área. Ela visa traduzir melhor o que é a doença e como afeta o fígado
Imagem: National Cancer Institute/ Unsplash/ Reprodução

Em busca de eliminar palavras que carregam certo estigma consigo, profissionais que trabalham com os cuidados do fígado mudaram o nome de uma doença que atinge o órgão: a doença hepática gordurosa não alcoólica, popularmente conhecida como gordura no fígado.

Um painel multinacional do EASL (Congresso da Associação Europeia para o Estudo do Fígado) fez o processo. Participaram 236 pessoas, entre elas médicos, pacientes, representantes de saúde pública e funcionários de agências reguladoras. 

Todos concordaram que o termo “gordurosa” poderia causar uma impressão estigmatizada da condição. Além disso, consideraram a expressão “não alcoólica” como exclusiva. 

“A doença hepática não alcoólica é um diagnóstico de exclusão. Você está dizendo o que não é – ‘Não é álcool, mas o que é?'”, explicou Mary Rinella, uma hepatologista da Universidade de Chicago.

A resposta: é uma doença metabólica. Agora, o novo nome para a condição é “doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica”, ou simplesmente MASLD, na sigla em inglês. Segundo especialistas, a nova nomenclatura reflete os fundamentos da doença e muda a conversa com os pacientes.

O que é a MASLD, doença hepática com novo nome

A MASLD consiste em uma doença em que a gordura se acumula nas células do fígado. Isso causa inflamação e cicatrizes que podem levar ao câncer de fígado ou à necessidade de um transplante.

Geralmente, pessoas com diabetes, obesidade, pressão alta e colesterol alto têm alto risco de desenvolver a doença. No total, ela afeta cerca de 30% dos adultos em todo o mundo – muitas vezes sem que eles saibam, já que é uma condição assintomática.

De acordo com Rinella, o novo nome – “doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica” – fala do metabolismo anormal que leva a essa condição. Por enquanto, a nomenclatura está sendo difundida, com organizações fazendo a transição.

A ideia é que isso aconteça sem confundir os pacientes ou perder identidade e encaminhamentos médicos. 

Até agora, a nova nomenclatura foi publicada nas revistas Hepatology, Journal of Hepatology e Annals of Hepatology. De acordo com Rinella, o novo nome “foi adotado extremamente bem” e está sendo usado em todo o mundo.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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