Ciência

Greenpeace pode ser expulso da ONU por atrapalhar mineração nos oceanos

Órgão da ONU que debate sobre mineração nos oceanos deve decidir sobre o caso ainda esta semana; Greenpeace argumenta contra mineradora
Imagem: Jonathan Borba/ Unsplash/ Reprodução

A The Metals Company, uma mineradora canadense, está acusando o Greenpeace de interromper propositalmente uma expedição de pesquisa que seria feita no fundo do Oceano Pacífico. 

De acordo com a empresa, a organização ambiental abordou a embarcação do trabalho. Contudo, o Greenpeace alega que o momento contou apenas com um protesto pacífico contra a mineração nos oceanos profundos.

Agora, a ONU está analisando a situação por meio dos estados membros da ISA (Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos). Eles podem optar pela expulsão da organização ambiental da ISA, que supervisiona os planos de mineração nos oceanos Atualmente, o Greenpeace participa do órgão como observador.

Sobre a expedição

A área que a The Metals Company pretende minerar é conhecida como Zona Clarion-Clipperton. Por lá, sabe-se que há metais como cobre, cobalto, níquel e manganês em grande quantidade. Em geral, eles se acumularam ao longo de dezenas de milhões de anos. 

Atualmente, eles se tornaram acumulados que podem chegar ao tamanho de uma batata. Dessa forma, a ideia da empresa era utilizar máquinas que funcionam como aspiradores de pó. Com isso, conseguiria varrer o leito do oceano, em profundidades de quatro a seis mil metros.

Contudo, apesar da água fria, escura e com pouco oxigênio deste local, pesquisas ao longo das últimas décadas revelaram uma enorme diversidade de espécies que vivem por lá. Algumas delas são, inclusive, novas para a ciência.

O embate

Por isso, o Greenpeace alega que qualquer intervenção no local poderá ter danos à natureza local. Em geral, a organização afirma que há metais suficientes para serem minerados em terra e que não existem evidências claras de quais os riscos ambientais da mineração nos oceanos profundo.

No entanto, a The Metals Company afirma que a expedição foi solicitada pela ISA justamente como parte de uma avaliação de impacto. Dessa forma, acusa o Greenpeace de interromper uma pesquisa e, assim, ser “anti-ciência”.

Respondendo a crítica, a organização ambiental diz que sua ação foi justificada. Ela alega que a mineradora planejava seguir em frente com o trabalho antes que regulamentações tenham sido acordadas.

Atualmente,  negociações internacionais buscam decidir quais regras devem ser aplicadas às empresas que desejam coletar minerais da planície abissal, uma das partes mais profundas do oceano. De acordo com a ISA, essas regras devem entrar em vigor até 2025.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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