Grupo no Reino Unido pede proibição de sistema de reconhecimento facial com altas taxas de falso positivo
Um grupo de fiscalização de privacidade no Reino Unido está pedindo a proibição das tecnologias de reconhecimento facial automático no Estado depois que um relatório mostrou taxas altíssimas de falsos positivos, mais precisamente 90%.
O Big Brother Watch liberou um documento entitulado “Face Off: The Lawless Growth of Facial Recognition in UK Policing” (Enfrente: o crescimento ilegal do reconhecimento facial no policiamento do Reino Unido, em tradução livre), detalhando os abusos da tecnologia, que o grupo chama de “ameaça aos direitos fundamentais” dos cidadãos.
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“Estamos profundamente preocupados que a securitização de espaços públicos com o uso do reconhecimento facial submeta cidadãos que respeitam as leis a verificações biométricas e identificações arbitrárias sem avisos prévios, minando nossos direitos fundamentais à privacidade e liberdade de expressão”, diz o relatório.
Com o reconhecimento facial em espaços públicos se tornando mais comuns, o Big Brother Watch está especialmente preocupado com identificações falsas. Em maio, a Polícia de Gales do Sul revelou que seu software de reconhecimento facial tinha alertado de forma errada milhares de pessoas que foram a um jogo de futebol, classificando-as como criminosas; 92% das correspondências estavam erradas.
Em um comunicado enviado à BBC, Matt Jukes, comandante policial em Gales do Sul, disse que “é preciso usar a tecnologia quando temos dezenas de milhares de pessoas nessas multidões, para proteger todo mundo. E estamos obtendo resultados ótimos com ela”.
Se alguém é identificado como criminoso pelo software, a polícia pode ir até a pessoa e pedir por mais informações. O Big Brother Watch argumenta que isso equivale a “verificações ocultas de identidade” que exigem que as pessoas “provem sua identidade e, portanto, sua inocência”. Cento e dez pessoas foram paradas antes do jogo de futebol por terem sido marcadas pelo software, resultando em 15 prisões.
Simplesmente caminhar em meio a uma multidão pode levar a uma averiguação de identidade, mas não para por aí. As milhares de fotos tiradas, no entanto, ainda estão armazenadas no sistema, e a maioria gritante das pessoas não fazem nem ideia de que foram registradas.
O grupo já tinha levantado a questão sobre retenção de imagens de pessoas inocentes em março, quando as autoridades do Reino Unido consideraram “muito caro” remover as fotos de seus bancos de dados. Elas ainda não começaram a ser removidas, embora a polícia continue armazenando novas imagens, acumulando dados biométricos de milhares de pessoas que não cometeram crimes. O Big Brother Watch pede remoção imediata.
“Estamos profundamente preocupados com o impacto do reconhecimento facial automatizado nos direitos individuais, a uma vida privada e a liberdade de expressão, e o risco de impacto discriminatório”, conclui o relatório. “Pedimos às autoridades públicas do Reino Unido que parem imediatamente de usar software de reconhecimento facial com câmeras de vigilância”.
Imagem do topo: AP