[Hands-on] o Galaxy S III nacional: com alguns truques na manga, mas sem S Voice
Quase em tempo recorde, o Galaxy S III já tem preço e início de vendas marcado para o Brasil. Se pensarmos que o aparelho foi anunciado no dia 3 de maio, começou a ser vendido no dia 29 do mesmo mês em alguns países — o que não inclui os EUA, maior mercado de smartphones do planeta — e que ele já estará nas lojas dia 11 de junho, palmas para a Samsung. Agora, a versão nacional do aparelho, que já é fabricada por aqui, traz um outro asterisco que requerem atenção. Confira nossas primeiras impressões do aparelho.
Como você deve se lembrar, o Galaxy S III foi lançado com um punhado de “brindes” por parte da Samsung: diversos apps desenvolvidos pela empresa, promessa de muito conteúdo multimídia e parcerias interessantes. O caminho, que parece ser o que todas as fabricantes de smartphones com Android buscam, é criar aquele tal negócio de um ecossistema único, que faça com que o usuário não tenha que recorrer a outras soluções e fique feliz com seus brinquedos da mesma marca.
Na versão nacional do Galaxy S III, algumas boas ideias ficaram, outras desapareceram — ou pelo menos estão postergadas. Quem está lá: o S Beam, para troca de arquivos entre aparelhos com NFC; o Video Hub, com compra e aluguel de filmes e séries direto no celular; o Smart Stay, a solução que reconhece quando você está olhando para tela; e a parceria com o Dropbox, que garante 50GB de espaço na nuvem durante dois anos para quem comprar o aparelho. Quem ficou de fora: o S Voice, o assistente de voz e concorrente do Siri, da Apple; e o Music Hub, que promete ser um concorrente interessante de serviços como Spotify e Rdio.
Segundo a Samsung, o primeiro ficou de fora porque ela quer adaptá-lo ao país. Isso significa que o S Voice só será lançado aqui quando ele realmente entender português — estratégia diferente da Apple, já que apesar de não falar PT-BR, o aplicativo Siri foi mantido no iPhone 4S para você arranhar o inglês tentando fazer alguma piadinha com o serviço. A previsão da Samsung é que o app chegue no segundo semestre. Já o Music Hub deve chegar em julho, segundo Roberto Sobol, diretor de produtos da empresa.
Curiosa foi a decisão da Samsung de só fabricar o modelo de 16GB no país. Nada das versões de 32GB nem a monstruosa de 64GB. A empresa argumenta que o espaço no Dropbox somado a um cartão microSD podem fazer o aparelho ultrapassar os 100GB de espaço, mas não adianta tentar esconder: o aparelho custa R$2.099 desbloqueado e vem apenas com 16GB de espaço interno. É consideravelmente mais do que qualquer concorrente — o iPhone 4S de 16GB, por exemplo, é vendido nas operadoras por em média R$1.899, e até mesmo na App Store, onde o preço já foi aterrorizante, ele custa R$1.999.
Mas vamos ao que interessa.
Primeiras impressões
Se já é difícil reparar em outra coisa que não seja a tela em qualquer smartphone, no Galaxy S III tal sensação é ainda mais gritante. É impossível não ficar um pouco hipnotizado, e depois questionar também por que tantas polegadas em só aparelho. São 4,8″, oras. E a tela de Super AMOLED brilha um bocado. É interessante reparar na evolução da tecnologia da Samsung: se no primeiro Galaxy S a sensação era a de que o contraste era um pouco exagerado demais, vimos grandes melhorias e fidelidade no Galaxy S II e agora vemos um novo e interessante passo no Galaxy S III. O brilho é intenso, os pretos são realmente pretos e as cores pulam da tela. A resolução de 720p nos faz pensar que ver vídeos nesse aparelho deve ser bem animal.
Mas, novamente, 4,8″ de tela. Eu já tive meus problemas com grandes telas. Quando encontrei o Galaxy Note pela primeira vez, não entendi seu sentido. Até hoje o considero um aparelho assustador: é praticamente impossível empunhá-lo com uma mão de forma não incômoda. Logo, pensei que teria a mesma sensação com o Galaxy S III. O que não aconteceu. Resolver esse mistério é fácil: apesar de ganhar 0,5″ (mais 22% de tela) em relação ao S II, o Galaxy S III cresceu muito pouco — um centímetro para cima, menos de um para os lados. A esperta solução dos coreanos foi reduzir ao máximo as bordas do aparelho.
Assim, segurar o Galaxy S III não é muito assustador. E, apesar de não achar o design do aparelho um dos mais inspirados, dá para perceber que boa parte do foco da Samsung foi ergonomia. Como fazer um aparelho com quase 14 centímetros de altura e 7 de largura encaixar bem na mão? Arredondando os cantos, focando no encaixe da mão. E isso funciona bem. Apesar de aceitar o design, o que continua muito duvidoso é o material do Galaxy S III: honrando a família, ele ainda é envolto num plástico que não passa muita confiança nem é bonito. Não é algo que você espera num aparelho de R$2.099.
O redesenho que a Samsung fez no Android 4.0 parece aceitável nos poucos minutos que mexemos no aparelho. Há um punhado de apps que começam com “S”, o indicador de que trata-se de algo instalado pela Samsung. O curioso é que as transições de tela são realmente rápidas e não há quase nenhum lag, mas se você compará-lo com o Galaxy S II, a evolução não foi tão monstruosa. E isso não é exatamente um problema: o S II já era realmente rápido. Sua evolução apenas apara algumas arestas. Pense na diferença entre o iPhone 4 e o iPhone 4S.
Ainda precisamos testar com calma todos os novos apps da Samsung e as promessas do Galaxy S III, como a bateria de 2.100 mAh, mas a sensação é que trata-se de uma atualização incremental. Para nós isso não seria visto como um problema… se a HTC não tivesse lançado o animal One X. O aparelho deve chegar em breve ao Brasil, e além de um design e construção bem mais interessantes, também terá cartas na manga, como o certificado PlayStation. Acreditamos que a batalha pelo melhor Android do ano, que o Galaxy S II venceu com facilidade no ano passado, será bem mais acirrada em 2012. De qual lado você ficará?