Governo do Havaí pausa projeto da construção do Telescópio de Trinta Metros

Muitos havaianos têm protestado em relação a proposta de construção do Telescópio de Trinta Metros sobre o vulcão Mauna Kea, considerado sagrado. Os nativos conseguiram uma vitória nesta quinta-feira (19), quando o governador do Havaí, David Ige, anunciou que o projeto será pausado. O governador também anunciou que o estado irá retirar as tropas estaduais […]
Montanha Mauna Kea
Mauna Kea. Crédito: AP

Muitos havaianos têm protestado em relação a proposta de construção do Telescópio de Trinta Metros sobre o vulcão Mauna Kea, considerado sagrado. Os nativos conseguiram uma vitória nesta quinta-feira (19), quando o governador do Havaí, David Ige, anunciou que o projeto será pausado.

O governador também anunciou que o estado irá retirar as tropas estaduais do local até segunda ordem, embora os manifestantes tenham sido instruídos a se retirarem — com a ameaça de serem presos.

Mesmo sem uma previsão clara sobre o início das construções, os manifestantes disseram que têm a intenção de continuar a proteger o vulcão.

“Uma coisa é clara, não importa os planos do estado, nós estaremos aqui para proteger os Mauna”, escreveu a conta do Twitter do grupo que acampa na estrada de acesso ao Mauna Kea.

O governador e o grupo responsável pelo Telescópio de Trinta Metros disseram que os planos de construção estão paralisados por tempo indefinido, mas as iniciativas das autoridades para lidar com o acampamento na base de Mauna Kea que bloqueia a estrada de acesso têm sido fonte de confusão.

Os manifestantes disseram que após o anúncio de Ige, as autoridades disseram que eles tinham até 26 de dezembro para desobstruir a estrada ou que seriam presos.

“Depois de gastar US$ 15 milhões em operações policiais desde julho, o Estado decidiu que continuarão nos enfrentando, ameaçando retirar os Kiaʻi [protetores] caso permaneçam até o dia 26”, prosseguiu o grupo via Twitter.

Foram meses de protestos para chegar a esse ponto, e é improvável que os havaianos nativos recuem. A luta pela Mauna Kea é a mais recente frente numa luta pelos direitos dos nativos havaianos à terra e pela forma como as instituições do Estado desapossaram pessoas sem consentimento.

Há anos que o grupo responsável pelo projeto tenta assegurar a continuidade da construção, mas os protestantes não vão dar trégua. Como resultado, esses parceiros — que incluem o Instituto de Tecnologia da Califórnia e o Observatório Astronômico Nacional do Japão — conseguiram obter licenças para um local numa das Ilhas Canárias Espanholas e estão considerando mudar a construção para lá.

O grupo diz que o Mauna Kea seria um local melhor para a astronomia, e a equipe ainda está dedicada a construir o telescópio na região. Mas como os protestos continuaram, eles tiveram que se preparar para uma alternativa caso a construção se torne impossível.

A construção do telescópio gerou discórdias na comunidade científica. Centenas de astrônomos se colocaram do lado dos manifestantes, destacando que a ciência não é mais importante do que os direitos humanos. O telescópio traria a possibilidade de enxergar mais longe no universo, mas a que custo para as pessoas e para os lugares que elas consideram sagrados?

Eu quero saber sobre a criação do universo tanto quanto milhares de outras pessoas, mas quando uma comunidade revida, a ciência precisa ouvir. Para muitas dessas pessoas, a Mauna Kea não é apenas uma montanha. É como se fosse um parente. É o cemitério de antepassados e, do modo como eles a vêem, o vulcão merece ser visto como mais do que um local de construção de um telescópio.

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