HD do James Webb suporta apenas 68 GB de dados armazenados; entenda

James Webb produz 28 vezes mais dados científicos do que o Hubble. Porém, a NASA apostou no esquema “menos é mais” no SSD do telescópio espacial. Confira a explicação detalhada
HD James Webb suporta apenas 68 GB de dados armazenados; entenda
Imagem: NASA/Divulgação

Apesar de o James Webb ser o telescópio espacial mais caro da história –com investimentos de 10 bilhões de dólares–, uma curiosidade chama a atenção: a unidade de armazenamento do telescópio tem capacidade para apenas 68 GB de dados.

Para comparação, é possível encontrar facilmente no mercado notebooks e smartphones modernos com capacidades bem maiores do que a do James Webb. O iPhone 13 Pro, por exemplo, tem uma versão que ostenta 1TB de armazenamento.

Mais do que isso, a unidade de estado sólido (SSD) utilizada no novo telescópio espacial pode salvar arquivos de apenas 24 horas de observações científicas –sendo que 3% desse espaço em disco são usados para dados de engenharia e telemetria. O motivo dele ser tão pequeno tem duas explicações.

A primeira delas é que a unidade de armazenamento do James Webb não é igual à que usamos aqui na Terra. O SSD foi desenvolvido para ser eficaz e funcional durante os dez anos de vida planejados do telescópio espacial, além de contar com uma proteção especial contra o ambiente hostil do espaço.

Inclusive, os engenheiros estimam que a capacidade da unidade reduza ao longo do tempo para 60GB, justamente por conta do desgaste e exposição à radiação do espaço, conforme apontou o site Spectrum.

Na prática, o James Webb pode produzir até 57 gigabytes de dados por dia, com essa quantidade variando de acordo com as observações programadas. Mesmo que todos esses dados de um dia de observação sejam salvos, o disco ainda não ficaria cheio, sobrando uma folga de cerca de 10GB.

Porém, a NASA e a ESA não deixam o SSD do telescópio ficar sem espaço, pois os dados são transmitidos diariamente para a Terra. Para isso, o James Webb foi colocado no ponto L2 de Lagrange, para que ele sempre tenha uma visão desimpedida para comunicação com o nosso planeta.

Além disso, esta é a primeira missão científica a utilizar a banda K para o envio de grandes volumes de dados. O canal utilizado é o da frequência de 25,9 gigahertz, podendo fazer downloads de até 28 megabits por segundo.

O telescópio utiliza ainda dois canais de comunicação na banda S, para o envio de comandos e receber informações sobre o status operacional do James Webb.

Para captar os sinais do James Webb, é utilizada a Deep Space Network (DSN), uma rede de antenas ao redor do mundo, localizadas nos Estados Unidos, Espanha e Austrália.

Como a rede também é utilizada para outras missões espaciais, metade dos dados científicos registrados são enviados para a Terra em duas janelas de transmissão por dia. Geralmente, essa captação de dados é programada com 12 a 20 semanas de antecedência.

Com isso, o disco do James Webb é usado apenas durante o período de espera até a próxima transmissão de dados. O sistema também utiliza um protocolo de confirmação de segurança, que apaga os dados da unidade de armazenamento do telescópio apenas quando o arquivo for recebido com sucesso na Terra.

Ou seja, o HD do telescópio não é maior simplesmente porque não é necessário. Como bem lembrou o site PCGamer, este é um lembrete de que não faz sentido gastar muito dinheiro em mais teraflops e gigabytes, quando o hardware não será usado da forma mais eficaz. Afinal, também é possível fazer “mais com menos”.

Hemerson Brandão

Hemerson Brandão

Hemerson é editor e repórter, escrevendo sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Grande entusiasta da astronomia, também é interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.

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