O cometa C/2014 UN271 foi encontrado ao acaso. Os astrônomos Pedro Bernardinelli, brasileiro, e Gary Bernstein, americano, estavam analisando planilhas do Dark Energy Survey (DES), um projeto de observação astronômica, quando encontraram dados que remetiam ao objeto celeste. A descoberta foi anunciada em 2021.
Na época, os cientistas já acreditavam que o novo cometa, também chamado de Bernardinelli-Bernstein, era o maior encontrado até então. Agora, essa informação foi confirmada pelo Telescópio Espacial Hubble.
A NASA utilizou o telescópio para tirar cinco fotos do cometa. Então, as imagens passaram por tratamento em um modelo computacional que eliminou o brilho de Bernardinelli-Bernstein, mantendo apenas seu núcleo. E lá estava o resultado: um enorme bloco de gelo com nada menos que 128 quilômetros de diâmetro – o equivalente a vinte montes Quilimanjaro.
Seu núcleo é cerca de 50 vezes maior que a maioria dos cometas conhecidos e sua massa é estimada em 500 trilhões de toneladas. De toda forma, não é preciso ter medo, já que Bernardinelli-Bernstein está extremamente longe de nós. Para ter uma ideia, sua maior aproximação da Terra ocorrerá em 2031, quando o passará perto de Saturno, o oitavo planeta do Sistema Solar.
Bernardinelli-Bernstein desbanca o cometa C/2002 VQ94, considerado o maior até então. Esse, descoberto em 2002 pelo projeto Lincoln Near-Earth Asteroid Research (LINEAR), possui 96 quilômetros de diâmetro.
O cometa gigante parte da nuvem de Oort, uma região na borda do Sistema Solar que guarda diversos corpos celestes. Estima-se que essa região do espaço tenha 20 vezes a massa da Terra. Porém, é difícil defini-la, já que seus inúmeros cometas são fracos e distantes demais para serem observados diretamente. Dados retirados de Bernardinelli-Bernstein podem fornecer pistas sobre a região.