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IA chinesa assume controle total de satélite em órbita da Terra

Durante um período, sistema decidiu sozinho quais locais da Terra queria fotografar, qualquer sem intervenção humana

IA chinesa assume controle total de satélite em órbita da Terra

Pesquisadores da Universidade de Wuhan, na China, afirmam que uma IA (inteligência artificial) controlou por um tempo, de forma autônoma, um satélite em órbita do nosso planeta.

Ao longo de 24 horas, a IA controlou o satélite de sensoriamento remoto Qimingxing 1, sem qualquer intervenção humana. Durante o período, a inteligência artificial escolheu por conta própria os locais da Terra a serem fotografados, sem nenhuma orientação dos controladores.

Entre os alvos escolhidos pela IA estavam Patna, uma cidade antiga às margens do rio Ganges, no nordeste da Índia; assim como Osaka, onde está um dos portos mais movimentados do Japão. Ambos locais despertam interesses militares nos chineses.

No estudo, publicado na revista Geomatics and Information Science, e divulgado pelo South China Morning Post, o líder da pesquisa Wang Mi explica que o objetivo foi observar o que a IA faria por conta própria. “Essa abordagem quebra as regras existentes no planejamento de missões”, disse Mi.

Por mais que sistemas IA já sejam usados para reconhecer imagens, calcular rotas ou prever colisões no espaço, esta é a primeira vez que um satélite chinês fica sob total controle de uma IA.

IA pode tornar satélites mais eficientes

Atualmente, a China conta com mais de 260 satélites de sensoriamento remoto em órbita. Porém, muitos deles operam de forma ociosa no espaço, aguardando ordens humanas para executar missões específicas.

Com o auxílio da IA, seria possível tirar o máximo proveito dessa infraestrutura orbital, uma vez que satélites são equipamentos caros e com uma vida útil limitada.

A inteligência artificial poderia ser treinada para fazer observações de longo prazo com esses satélites e alertar os controladores caso detectasse eventos ou objetos incomuns – sejam eles naturais ou artificiais.

Isso poderia ser usado não apenas para fins científicos ou de prevenção e acompanhamento de desastres naturais, mas também para uso militar. Em 2021, por exemplo, um pequeno satélite inteligente chinês detectou e monitorou um exercício naval não divulgado pelos EUA, feito na costa de Nova York.

Para conseguir o feito, os pesquisadores precisam construir uma enorme biblioteca de dados sobre a Terra para treinar o modelo IA – que usa uma linguagem parecida com o ChatGPT. Na prática, o sistema não pode conversar, mas pode tomar iniciativas com base em seu treinamento.

Além disso, a IA precisa considerar uma série de fatores para planejar as suas observações. Isso inclui condições de nuvens em tempo real, ângulos de câmera, limites da mobilidade de um satélite, entre outros.

Os cálculos necessários podem ser tão sofisticados que os modelos tradicionais para gerenciamento de missões espaciais podem não ser capazes de resolver o problema em um tempo razoável, disseram os pesquisadores.

Por outro lado, apesar do controle total sobre o satélite, os chineses afirmam que um operador humano pode interromper essa conexão a qualquer momento, caso a IA faça o satélite realizar algo inesperado ou incomum.

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