Se você está online desde o início dos anos 2000, deve conhecer o site Pudim.com.br. A página que mostra a foto de um pudim em baixa qualidade é um dos maiores tesouros da Internet brasileira e completa 24 anos agora, em fevereiro de 2024.
Apesar do conteúdo simples, o domínio é um dos mais bem ranqueados entre os resultados exibidos pelo Google. Ao longo dos últimos 24 anos, a página sofreu diversas mudanças — muitas delas revertidas — e chegou a ser atacada pelo Estado Islâmico, em 2015.
Pudim.com.br ficou fora do ar entre 2023 e 2024
No final de 2023, o Pudim.com.br ficou fora do ar por diversos dias, chamando atenção de usuários que sentiram falta do site. No X (antigo Twitter) e no Reddit, há diversos relatos dizendo que a página caiu.
Site https://t.co/U4J6oj2Wij volta a ficar fora do ar. Especialistas temem que este importante portal da dark web brasileira esteja fora do ar devido a uma tempestade solar se aproximando. pic.twitter.com/CEXrnlcHSU
— Ayub (@ayubio) January 26, 2024
Na última segunda-feira (29), inclusive, o site estava offline. Para entender o caso, o Giz Brasil entrou em contato com o atual administrador do domínio, conhecido como Alberto Henry Riff, segundo o site registro.br.
Não recebemos uma resposta, mas o Pudim.com.br ficou online novamente no dia seguinte. Até o momento, ao contrário de um pudim de verdade, o site segue firme no endereço de sempre.
A linha do tempo do Pudim.com.br
Criado por Oswaldo José Simião em 24 de fevereiro de 2000, o site começou apenas como uma piada. Ao acessar o domínio, as pessoas eram recebidas com a foto de um pudim em baixa qualidade, acompanhada do nome do site logo abaixo.
O site permaneceu dessa forma até novembro de 2005, quando substituiu a foto do pudim original por um texto que somente repetia a palavra “pudim” várias vezes, com cores variadas.
Em janeiro de 2006, porém, a foto do pudim voltou, retomando o layout antigo. Já em 2012, a página sofreu uma reformulação completa e ganhou um título escrito “Pudim” em uma fonte mais trabalhada.
Hoje em dia, o domínio voltou a ter a aparência original de fevereiro de 2000. O Giz Brasil buscou no Internet Archive as diversas versões do Pudim.com.br, que você confere na galeria abaixo:
O ataque do Estado Islâmico ao Pudim.com.br
Em abril de 2015, o Pudim.com.br se tornou alvo de um ataque hacker orquestrado pelo Estado Islâmico. Ao abrir o site, em vez da foto tradicional do pudim, os visitantes viam a imagem de um soldado armado com o seguinte texto logo abaixo:
“HACKERS DO ESTADO ISLÂMICO
Hackeado Por Moroccanwolf e ABdellah elmaghribi ~ Agressor Marroquino ~ Eu Amo Estado Islâmico”
O conjunto de imagem e texto, na verdade, eram uma espécie de pichação que atingiu mais de 100 sites brasileiros, na época. Em vez de mirar somente no Pudim.com.br, os hackers atacaram um centro de dados Alog, que guardava informações de diversos domínios.
Ao G1, o então diretor de tecnologia e operações da Mandic, Carlos Pina, atribuiu o ataque a um roubo de senhas de acesso aos sites. A Mandic opera diversos domínios invadidos pelos cibercriminosos do Oriente Médio, incluindo o site do pudim.
Após 24 horas do ataque, o domínio voltou ao normal, com a tradicional foto da sobremesa no topo da página.
Prêmios de “pior site”
Diversos prêmios especializados do setor elegeram o Pudim.com.br como o “pior site” da Internet brasileira. Em 2009, por exemplo, o domínio venceu a categoria “Best Worst Sites” (Melhores Piores Sites, em tradução direta) do prêmio “Internet World Worst (the best of the worst)”.
Já em 2011, o portal venceu o prêmio “iPest 2011”, na categoria “What a F…?”. O voto popular decidiu ambas as premiações.
Apesar de ser classificado como um dos piores sites do mundo, o domínio tem excelente posição entre os resultados de pesquisas do Google, com mais de 18 mil links externos em 703 domínios diferentes, segundo informações de 2019.
Hoje, esse número é provavelmente bem maior, mas não há como saber com exatidão o impacto do pudim na Internet mundial.