Idade mínima para a 1ª mamografia cai dos 50 para 40 anos nos EUA
A FDA, órgão similar à Anvisa nos EUA, aconselhou a redução da idade mínima indicada para a primeira mamografia. Se antes mulheres com risco médio começavam a fazer o exame aos 50 anos, agora a recomendação é que iniciem o acompanhamento regular aos 40.
Em comunicado, a FDA diz que a medida deve ajudar a detectar casos precoces de câncer de mama nos EUA. Isso porque, segundo o órgão, quase metade das mulheres norte-americanas com mais de 40 anos possuem “tecido mamário denso”.
“O tecido mamário denso pode tornar os cânceres mais difíceis de detectar em uma mamografia”, diz a nota. “Além disso, seios densos foram identificados como um fator de risco para o desenvolvimento de câncer de mama”.
Segundo o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA), é difícil diferenciar um tumor do tecido mamário denso porque ambos aparecem brancos na mamografia. “Um pequeno tumor pode passar despercebido”, diz a orientação do órgão de saúde.
Pelo menos 40% das norte-americanas têm seios densos, volume que corresponde a cerca de uma a cada oito.
O comunicado recomenda que as pacientes busquem orientação médica para descobrir a sua densidade mamária e os riscos de câncer individualmente. Até hoje, a mamografia é um dos exames mais precisos para rastrear e detectar um câncer.
Segundo a FDA, as clínicas de saúde dos EUA deverão oferecer mamografia para mulheres com idade mínima de 40 anos a partir de setembro de 2024.
Qual é a orientação sobre mamografia no Brasil
Segundo a SBM (Sociedade Brasileira de Mastologia), mulheres de 40 a 49 anos representam de 15% a 20% dos casos de câncer de mama no país.
Por isso, a entidade e outros órgãos médicos, como CBR (Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem) e Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), recomendam a mamografia anual a partir dos 40 anos.
A orientação do Inca (Instituto Nacional do Câncer), no entanto, é que mulheres façam mamografia de rotina dos 50 aos 69 anos, uma vez a cada dois anos. Segundo o Ministério da Saúde, a recomendação contrária se dá ao fato de que os possíveis danos claramente superam os possíveis benefícios do exame.
Em fevereiro, a OMS (Organização Mundial da Saúde) lançou um novo roteiro para o câncer de mama. A orientação sugere que os países criem novos programas de detecção e diagnóstico precoce da doença e incentivo à conclusão do tratamento.
O que diz o Inca
O Giz Brasil entrou em contato com o Inca para saber a posição de possíveis atualizações no país. Segundo o órgão, as diretrizes para a detecção precoce no Brasil não descendem de diretrizes de outros países. Confira na íntegra:
“O Instituto Nacional de Câncer (INCA) decidiu que as diretrizes para detecção precoce do câncer de mama no Brasil, não são recomendações de diretrizes de outros países. Dessa forma não há uma vinculação automática com a atualização de outras diretrizes, destacando que mantem a orientação para realização do exame para mulheres com 50 anos ou mais.
Vale reforçar também que não houve uma decisão da agência reguladora dos Estados Unidos, mas sim a divulgação de um documento preliminar da Força-Tarefa de Saúde Preventiva do país (USPSTF) que propõe essas mudanças diretrizes.
O importante para atualização do rastreamento da doença no Brasil são publicações de novos estudos com novas evidências conclusivas a respeito do tema, que não é o que está ocorrendo no momento. Além disso, as diretrizes atuais reforçam a necessidade do fortalecimento da estratégia de diagnóstico precoce no Brasil, na mesma linha que a recomendação do roteiro lançado pela Organização Mundial da Saúde.
Atualmente, muitas mulheres assintomáticas com menos de 50 anos já realizam mamografias de rastreamento nos Estados Unidos. O documento preliminar sugere que essas mulheres devem continuar a fazer mamografias de rotina, porém, bienalmente (uma vez a cada dois anos). No entanto, a revisão da literatura não apresentou evidências de benefício do rastreamento em mulheres de 40 a 49 anos. Além disso, uma revisão confirmou os riscos associados ao rastreamento, como o aumento da morbidade em função de sobrediagnóstico e sobretratamento.
Por isso, o balanço entre riscos e benefícios continua sendo desfavorável. O documento ainda é preliminar e passará por estimativas externas antes de ser publicado em sua versão final”.