O fotógrafo alemão Boris Eldagsen se recusou a receber o prêmio da competição de fotografia Sony World Photography Awards 2023. O motivo? Sua imagem foi gerada por inteligência artificial (IA), usando “prompts de texto” do DALL-E 2 em uma mistura de plataformas e técnicas.
A fotografia, intitulada “O Eletricista”, ficou em primeiro lugar na categoria criativa na competição aberta da Organização Mundial de Fotografia. Após a revelação de Eldagsen, a foto foi retirada do site da organização e da exposição física em Londres, Inglaterra.
Em preto e branco, no estilo dos anos 1940, a imagem mostra uma mulher atrás de outra com a mão em seus ombros, enquanto elas desviam o olhar da “câmera”. A obra é parte da série de Eldagsen, “pseudomnésia”, termo latino que significa “memória falsa”.
Em seu site, o fotógrafo, que tem cerca de 30 anos de carreira, justificou a desistência: “IA não é fotografia. Portanto, não aceitarei o prêmio.”
Qual a diferença entre IA e fotografia?
Eldagsen, que se declarou surpreso com a vitória, ainda afirmou que a imagem tem claros sinais de geração de IA. Entre eles, falhas nas aparências dos dedos e nas pupilas, por exemplo. “Ele tem todas as falhas da IA e poderia ter sido detectado, mas não foi”, disse ao Business Insider.
Ao veículo, o fotógrafo revelou que seu objetivo era iniciar uma conversa sobre a relação entre IA e fotografia. Segundo ele, os organizadores da competição devem criar categorias separadas para arte gerada por IA, que está se tornando cada vez mais realista.
Um porta-voz da empresa CREO, responsável pelos prêmios, disse ao Insider que a categoria “recebe várias abordagens experimentais”. “Embora os elementos das práticas de IA sejam relevantes em contextos artísticos de criação de imagens, os prêmios sempre foram e continuarão sendo uma plataforma para defender a excelência e a habilidade de fotógrafos e artistas que trabalham nesse meio”, explicou.