Implante computadorizado faz paralisados andarem na Suíça

O dispositivo é capaz de simular o papel do cérebro, mandando estímulos aos nervos associados ao movimento na região da coluna vertebral e ativando os músculos do tronco e das pernas
tecnologia
EPFL / reprodução

O uso de implantes elétricos combinado com inteligência artificial ajudou três pessoas paraplégicas a retomar os movimentos das pernas — e voltarem a andar. O feito aconteceu na Suíça, e foi alcançado com a ajuda de um dispositivo implantado na região da medula espinhal dos voluntários.

Os três pacientes sofreram acidentes de trânsito e perderam os movimentos das pernas devido a uma ruptura da medula espinhal. “Um dia depois da operação comecei a ver que as pernas estavam se mexendo lentamente. Foi uma emoção”, explicou Michel Rocatti, um dos pacientes.

O estudo foi feito por uma equipe com mais de 60 pesquisadores do Instituto Federal de Tecnologia da Suíça em Lausanne, e foi publicado recentemente na revista científica Nature.

O dispositivo criado pelos neurocientistas foi idealizado para realizar o papel do cérebro, mandando estímulos aos nervos associados ao movimento na região da coluna vertebral e ativando os músculos do tronco e das pernas.

Mas como ele funciona?

O mecanismo é controlado por um software de inteligência artificial que reativa os neurônios e é acionado com um marca-passo instalado na região do abdômen. Na cirurgia experimental, os três voluntários receberam 18 implantes de eletrodos em toda a medula espinhal.

Após implantados, esses dispositivos emitem sinais elétricos sincronizados, que simulam a ação dos neurônios ao longo da medula responsável por fazer o cérebro ativar os músculos dos membros inferiores.

Para funcionar de forma prática, os eletrodos foram conectados a um tablet com um sistema de IA, a partir disso, ao comando do paciente, o computador aciona o tipo de atividade motora a ser realizada, por exemplo, dobrar o joelho ou mexer o quadril.

Grégoire Courtine, pesquisador da Escola Politécnica Federal de Lausanne e um dos autores do estudo, explicou como esse processo funciona. “Ao controlar esses implantes, podemos ativar a medula espinhal, como o cérebro faria naturalmente”.

“Os primeiros passos foram incríveis, um sonho que se tornou realidade”, celebrou Rocatti, que ficou cerca de 7 meses fazendo exercícios intensos para a recuperação da massa muscular. Hoje, ele consegue subir e descer escadas com a ajuda de um andador. “Espero ser capaz de andar um quilômetro até a próxima primavera”, disse.

Vale ressaltar que, apesar de os resultados serem animadores, ainda não são a cura para lesões espinhais, visto que a tecnologia ainda é muito complicada de ser usada no cotidiano e ainda precisa de tempo para ser usada em larga escala. O fato é que, uma vez estabelecida, a tecnologia vai poder melhor a qualidade de vida de um número cada vez maior de pessoas.

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