Índia retira a teoria da evolução e tabela periódica dos livros escolares; entenda

A medida já está em prática e atinge cerca de 134 milhões de alunos de 11 a 18 anos da Índia
Índia retira a teoria da evolução e tabela periódica dos livros escolares; entenda
Imagem: Jaikishan Patel/Unsplash/Reprodução

A Índia anunciou mudanças curriculares que excluem um importante conteúdo científico dos livros didáticos escolares. A tabela periódica e a teoria da evolução de Darwin estão entre os temas que ficarão de fora das salas de aula, mostrou reportagem da revista Nature.

A decisão, que afeta até 134 milhões de alunos de 11 a 18 anos, é do Conselho Nacional de Investigação e Formação Educacional (NCERT), órgão responsável pelo currículo escolar indiano.

A mudança já está em vigor, visto que o ano letivo começou em maio no país. Mas, por enquanto, os novos materiais didáticos não passam de uma “proposta transitória” que só afetará as turmas de 2023 e 2024.

Segundo a NCERT, a revisão do currículo foi um “exercício baseado na necessidade” tendo em vista a “saúde mental” dos estudantes durante a pandemia. Entre os temas retirados estão:

  • tabela periódica dos elementos químicos
  • teoria da evolução de Darwin
  • teorema de Pitágoras
  • fontes de energia
  • gerenciamento sustentável de recursos naturais
  • contribuição da agricultura para a economia nacional

A questão da agricultura chama a atenção. Desde 2020, pequenos produtores de todo o país protestam por melhores condições de trabalho e são fortemente repelidos pelo governo de Narendra Modi. Ainda assim, as autoridades rejeitam que o corte nos conteúdos tenha qualquer “relação política”.

Enquanto isso, os alunos mais jovens não terão mais aulas sobre determinados tópicos relacionados à poluição e às mudanças climáticas. Já para os alunos mais velhos, as disciplinas de biologia, química, geografia, matemática e física passaram por cortes.

Pesquisadores são contra a medida

A decisão sobre os livros escolares da Índia gerou indignação entre professores e cientistas. Em resposta, a organização Breakthrough Science Society lançou uma petição para reverter a decisão. O documento reúne a assinatura de 4,5 mil pesquisadores e educadores.

No abaixo-assinado, os pesquisadores exigem a restauração da teoria da evolução darwiniana no ensino médio. A notícia de que o evolucionismo seria cortado do currículo dos alunos de 15 a 16 anos foi amplamente divulgada e gerou revolta em diversos países.

“Há um movimento de afastamento do pensamento racional, contra o iluminismo e as ideias ocidentais na Índia”, afirmou a professora Sucheta Mahajan, historiadora da Universidade Jawaharlal Nehru.

“A evolução entra em conflito com as histórias da criação. A história é o principal alvo, mas a ciência é uma das vítimas”, completou Aditya Mukherjee, pesquisador da mesma instituição.

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