Com mais de 1,8 milhão de seguidores no Snapchat, a norte-americana Caryn Marjorie, de 23 anos, também tem 1.000 namorados online. Na verdade, não é exatamente ela mas a CarynAI, uma versão da influenciadora em IA (inteligência artificial).
O chatbot foi criado para simular um namoro virtual com os seguidores que estão dispostos a pagar US$ 1 por minuto de conversa. A voz e a personalidade lembram as da influenciadora. É possível ouvi-la falar sobre planos, sentimentos íntimos e até ter conversas de teor sexual com a versão digital da moça.
“Se você precisa de alguém para ser reconfortante ou amoroso, ou apenas quer reclamar sobre algo que aconteceu na escola ou no trabalho, CarynAI sempre estará lá para você”, anunciou a verdadeira Caryn, em entrevista à Fortune. “Você pode ter reações ilimitadas com CarynAI – então realmente tudo é possível na conversa”.
Caryn, que publica mais de 250 conteúdos por dia no Snapchat, conta que é muito próxima do seu público, mas não dá conta de interagir com todos eles. “Foi aí que eu pensei: sabe de uma coisa, CarynAI vai vir e preencher essa lacuna”, conta. Segundo ela, o app será uma forma de “curar a solidão”.
Parece ter surtido efeito. O chatbot de namoro de Caryn saiu em teste beta privado apenas para convidados no Telegram no início de maio. Nesta terça-feira (16), deixou a versão beta e Marjorie passou a divulgá-lo em suas redes sociais.
Mesmo recente, a influenciadora já gerou mais de US$ 71,6 mil em receita – o equivalente a mais de R$ 350 mil no câmbio atual. Pelo menos 99% dos assinantes do “webnamoro” são homens. A expectativa é que, no futuro, a IA renda US$ 5 milhões por mês.
Preocupações sobre o namoro no chatbot
A versão em IA de Caryn não informa sobre aspectos pessoais da verdadeira Marjorie, como informações da família e data de aniversário. Ao questioná-la, a robô lembra que não passa de “uma namorada digital”. “Não tenho corpo físico ou biografia factual, só estou aqui para lhe fazer companhia”, diz ela.
A preocupação é real. Influenciadoras mulheres já enfrentam um cyberbullying e perseguição intensos – imagine quando há chance de se relacionar com cada uma dessas pessoas, mesmo que atrás de uma personagem não-real.
Para evitar possíveis ataques, Marjorie tem segurança pessoal o dia todo e não compartilha sua localização. Mesmo assim, acredita que as ameaças à segurança estão dentro do esperado para a profissão de influenciadora.
A Forever Voices, empresa que desenvolveu o app, construiu o CarynAI a partir de 2.000 horas de conteúdo do YouTube – agora fora do ar – e o GPT-4 da OpenAI. As mensagens são criptografadas e têm um forte apelo emocional: além de servir como um ChatGPT normal, ela traz um tom afetuoso e apaixonado pelo usuário – independente de quem seja.
Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps
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