Nos EUA, injeção de anticorpos sai do mercado por “não funcionar mais” para Covid
O medicamento Evusheld, a primeira injeção com anticorpos monoclonais de combate à Covid, acaba de sair do mercado nos EUA. O motivo: a FDA, órgão semelhante à Anvisa, disse que é improvável que as cápsulas funcionem contra mais de 90% das variantes que circulam no país.
As injeções – que são diferentes das vacinas à Covid – foram desenvolvidas por pesquisadores da Vanderbilt University Medical Center, um centro universitário de ciências da saúde de Nashville, ainda no começo de 2020.
À época, equipes de cientistas rastrearam os primeiros pacientes com resultados positivos para os testes de Covid na América do Norte. Depois, coletaram amostras de sangue e analisaram quais foram os anticorpos gerados pelo organismo para combater o vírus.
No final de abril daquele ano, os pesquisadores identificaram dois anticorpos particularmente potentes contra o coronavírus, que depois se tornaram a base do Evusheld.
O remédio imita as barreiras naturais do corpo que combatem as infecções. Assim, servem como preventivo para pessoas com sistema imunológico enfraquecido e que não respondem bem à vacinação.
O Evusheld foi só a primeira droga de anticorpos com autorização para venda nos EUA. Logo surgiram outras medicações que depois ficaram conhecidas como “anticorpos monoclonais”. Agora, também é o primeiro a sair de circulação.
Agora, as variantes e subvariantes do coronavírus mudaram tanto que esses medicamentos já não conseguem reconhecer ou neutralizar as áreas afetadas. Isso porque eles se ligam a um pedaço muito pequeno do vírus – mais especificamente, em um canto da proteína spike.
O Evusheld continua autorizado em outros países, como UE (União Europeia), Japão e Brasil. Por aqui, a Anvisa começou a usar o medicamento emergencialmente em fevereiro de 2022. Em dezembro, o órgão aprovou seu uso em definitivo.
Não é o mesmo que Paxlovid
A injeção Evusheld e o bebtelovimab – outro remédio de anticorpos retirado do mercado dos EUA – não são o mesmo que o Paxlovid, o principal antiviral oral contra a Covid. Esse remédio ainda é eficaz contra as variantes mais recentes do vírus porque usa um mecanismo diferente.
Ele é capaz de interromper o processo de replicação do SARS-CoV-2 e impedir que o vírus faça “cópias” de si mesmo e se multiplique pelo corpo. A pílula, que foi usada pelo presidente Joe Biden, é indicada para pessoas a partir de 12 anos com risco de Covid grave.
Em dezembro, a AstraZeneca anunciou o início dos testes para um possível substituto ao Evusheld para pacientes imunocomprometidos. Nos primeiros estudos, o novo anticorpo demonstrou neutralizar todas as variantes testadas, incluindo aquelas resistentes a outros anticorpos monoclonais.
Segundo a farmacêutica britânica, o objetivo é disponibilizar o novo anticorpo no segundo semestre de 2023. Até 2% da população global poderia se beneficiar do medicamento.