Inscrições em argila de 4 mil anos são de língua perdida do Iraque

As tábuas lembram um guia turístico, com frases em amorreu traduzidas para o acadiano
Inscrições em argila de 4 mil anos são de língua perdida do Iraque
Imagem: Esquerda: Rudolph Mayr/Courtesy Rosen Collection. Direita: Courtesy David I. Owen/Reprodução

Há cerca de 30 anos, tabuletas de argila com inscrições em duas diferentes línguas foram reveladas no Iraque. As peças, que parecem ter dado as caras durante o embate entre Iraque e Irã, foram levadas para os Estados Unidos – não se sabe se legalmente ou não. 

As tais tabuletas só ganharam a atenção de pesquisadores em 2016. A dupla de objetos, que datava de cerca de 4 mil anos, estava talhada com frases na língua acadiana e com um outro idioma até então misterioso, o qual lembrava o hebraico antigo. 

O segredo foi finalmente revelado. Trata-se de uma língua utilizada pelo povo amorreu, que vivia em Canaã – região que abrange hoje a Síria, Israel e Jordânia. O estudo completo foi publicado na revista francesa Revue d’assyriologie et d’archéologie orientale.

Até então, cientistas não tinham evidências suficientes de que a língua amorreu havia realmente existido. Agora, isso começa a mudar.

As inscrições lembram um guia turístico, escrito em amorreu e traduzido em acadiano. As passagens mostram, por exemplo, como preparar uma refeição, detalhes sobre sacrifícios, canções de amor e até mesmo como abençoar um rei. 

O acadiano, para contextualizar, foi a língua usada na antiga cidade mesopotâmica de Agade durante o terceiro milênio a.C. Ela se espalhou por toda a região nos séculos e culturas seguintes, incluindo a civilização babilônica entre os séculos 19 e 6 a.C.

As tábuas foram comparadas a famosa Pedra de Roseta, que trazia inscrições em uma língua conhecida (o grego antigo) e duas escritas egípcias desconhecidas (hieróglifos e demótico). Graças a essa peça, pesquisadores puderam decodificar os antigos símbolos egípcios, que foram usados por mais de 3 mil anos.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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