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“Instagram infantil” precisa morrer, defendem legisladores após escândalo no Facebook

Legisladores pedem a Zuckerberg que desista de "Instagram para crianças" após relatório preocupante sobre saúde mental de usuários adolescentes da plataforma.

Legisladores do partido Democrata, nos EUA, estão pedindo ao CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, que desista do plano de lançar um “Instagram para crianças”. Eles citam a pesquisa interna da empresa que declara que a plataforma provoca problemas de saúde mental, incluindo ideia de suicídio entre seus usuários adolescentes, principalmente meninas. A pesquisa foi revelada pelo Wall Street Journal, como explicamos aqui.

A exigência surge no momento em que os principais legisladores do Comitê de Comércio do Senado anunciam planos para investigar a empresa com a ajuda de um “denunciante do Facebook”.

“Crianças e adolescentes são populações especialmente vulneráveis ​​online, e essas descobertas pintam uma imagem clara e devastadora do Instagram como um aplicativo que representa ameaças significativas ao bem-estar dos jovens”, disseram os legisladores.

A carta é assinada pelo senador Ed Markey, de Massachusetts, e pelos representantes Kathy Castor e Lori Trahan, da Flórida e Massachusetts.

A conclusão da pesquisa interna, que o Facebook ignorou, foi que uma porcentagem considerável de adolescentes acreditava que o aplicativo era responsável por problemas de saúde mental relacionado a sua imagem.

“Tornamos os problemas de imagem corporal piores para uma em cada três adolescentes”, escreveram os pesquisadores em uma apresentação de slides publicada no quadro de mensagens interno do Facebook e obtida pelo WSJ.

Segundo a pesquisa, 32% das meninas adolescentes disseram que o aplicativo as fazia se sentir pior com seus corpos. Os slides ainda mostraram que daqueles que tiveram pensamentos suicidas, “13% dos usuários britânicos e 6% dos usuários americanos demonstraram o desejo de se matar no Instagram”, relatou o WSJ, citando outra parte da apresentação.

22 milhões de adolescentes nos Estados Unidos usam o Instagram diariamente, disse o jornal.
O Facebook, que afirma agradecer a colaboração com o Congresso, se recusou a disponibilizar a pesquisa aos legisladores, dizendo que seus dados são proprietários. Procurado pelo Gizmodo, um porta-voz do Facebook disse que a empresa não comentaria a carta.

Membros do Comitê de Comércio do Senado disseram que o Facebook provou ser incapaz de se responsabilizar, dizendo que sua abordagem de “crescimento a qualquer custo” coloca os lucros acima da “saúde e vida de crianças e adolescentes”.

“Quando teve a oportunidade de nos esclarecer sobre seu conhecimento do impacto do Instagram sobre os usuários jovens, o Facebook forneceu respostas evasivas que eram enganosas e encobriram evidências claras de danos significativos”, disseram os legisladores.

Markey, Castor e Trahan comentaram nesta quarta-feira (15), que os documentos outrora secretos destacam “a responsabilidade do Facebook de mudar fundamentalmente sua abordagem para se envolver com crianças e adolescentes online”. Eles sugerem que a empresa comece abandonando seus planos de lançar um aplicativo Instagram voltado diretamente para as crianças.

“A medida que a Internet — e especificamente as mídias sociais — se torna cada vez mais enraizada na vida de crianças e adolescentes, estamos profundamente preocupados que sua empresa continue falhando em sua obrigação de proteger os usuários jovens e ainda não se comprometeu a interromper seus planos de lançar novas plataformas visando crianças e adolescentes”, disse a carta do legislador a Zuckerberg.

Em março, o BuzzFeed News revelou que o Facebook estava planejando construir uma versão do Instagram destinada a crianças menores de 13 anos. Adam Mosseri, o chefe do Instagram, confirmou que a empresa estava explorando a ideia na época.

O Facebook pintou o conceito como uma “solução” para os desafios de verificação de idade em suas plataformas; uma plataforma com controles mais fortes e transparência para os pais (parecido com o YouTube Kids).

Os críticos dizem que o negócio de um trilhão de dólares é motivado puramente pelo lucro e pelo desejo de atrair crianças a seus produtos mais cedo, para que possam ser monetizados como usuários no futuro, da mesma forma que o YouTube Kids atualmente leva os mais jovens a consumirem a plataforma.

Quase todos os lucros do Facebook vêm de anúncios que visam seus usuários com base em uma análise de seus hábitos online.

A carta dos legisladores também fazia perguntas específicas a Zuckerberg. Entre os questionamentos, se ele havia revisado pessoalmente a pesquisa sobre danos psicológicos causados ​​pelo Instagram. Na carta também foi solicitado que o CEO divulgue qualquer plano futuro da empresa para atrair o público mais jovem e a quanto tempo o Facebook vinha estudando o impacto de seus produtos na saúde mental dos adolescentes.

“Diante dessa nova evidência, nós fortemente encorajamos você a cessar todos os esforços para lançar quaisquer novas plataformas para crianças ou adolescentes”, escreveram os legisladores em um trecho da carta.

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