Instagram irá proibir completamente posts que promovam “cura gay”

O Instagram irá alterar suas táticas para lidar com publicações relacionadas com a "terapia de conversão", também conhecida como "cura gay".
Crédito: Carl Court/Getty

O Instagram irá alterar suas táticas para lidar com publicações relacionadas com a “terapia de conversão”, também conhecida como “cura gay”. Essas ideias se baseiam na teoria infundada de que homossexuais poderiam mudar de orientação sexual com intervenções psicológicas ou espirituais.

O anúncio foi realizado pela diretora de políticas públicas do Instagram para Europa, Tara Hopkins, em entrevista à BBC. A plataforma não aceita anúncios para serviços de terapia de conversão há algum tempo e tem diretrizes de comunidade específicas para publicações que ataquem os usuários com base em seu “sexo, identidade de gênero ou orientação sexual”. Porém, alguns posts que promoviam a terapia de conversão não eram vistos sob esse guarda-chuva de regras. Porém, a partir de agora, qualquer conteúdo ligado a essa prática será proibido na plataforma.

A terapia de conversão já foi relatada como “traumática“, “cruel” e até mesmo “tortura” para as pessoas que passam por ela. Essa decisão já poderia ter sido tomada há tempos pelo Instagram, que se tornou uma rede popular entre pessoas LGBTQ com o passar dos anos.

Instagrammers gays ficaram tão populares que redes de televisão começaram a escrever quadros sobre eles. Também já foram publicadas matérias exaltando as melhores e criticando as piores partes das comunidades queer do Instagram. Se você pesquisar por hashtags e posts relacionados com a terapia de conversão, alguns dos resultados mais populares serão de sobreviventes da terapia de conversão ou de quem abandonou a prática.

Como o Instagram, como qualquer outra plataforma, conta com inteligência artificial e algoritmos para fazer a maior parte da moderação do conteúdo, tenho certeza de que podemos esperar que alguns destes posts escapem e entrem no feed, sejam eles proibidos pelas diretrizes ou não. Mas esse é um passo na direção certa, seguindo o exemplo de países como a Alemanha, Albânia e mais de uma dúzia de estados dos EUA que proibiram a terapia de conversão contra menores, adultos, ou ambos.

Não está claro o que impulsionou esse movimento por parte do Instagram. O Gizmodo questionou isso à empresa e um porta-voz disse apenas que era uma extensão da atual política de proibição da promoção de terapia de conversão em seus anúncios, junto com a mesma declaração que foi dada à BBC:

Não permitimos ataques contra pessoas com base na orientação sexual ou identidade de gênero e estamos atualizando nossas políticas para proibir a promoção de serviços de terapia de conversão. Estamos sempre revendo nossas políticas e continuaremos a consultar especialistas e pessoas com experiências pessoais para informar nossa abordagem.

O Instagram foi comprado pelo Facebook em 2012, e ambas as empresas, como disse o porta-voz, têm diretrizes que proíbem ataques às pessoas por sua identidade de gênero ou sexualidade. Mas ambas também tiveram sua parcela de problemas ao proteger as comunidades LGBTQ contra esses ataques, especialmente quando eles acontecem fora da área de atuação do Facebook nos EUA.

No início deste mês, uma equipe de grupos ativistas LGBTQI+ sediados no Oriente Médio e no Norte da África solicitou à empresa que “interrompa o uso de sua plataforma para espalhar o fanatismo e o ódio” contra as pessoas queer no Oriente Médio, onde não ser cis e heterossexual pode te levar para a prisão ou a condenações piores.

O círculo do Facebook pode não “permitir” o discurso de ódio homofóbico, mas quando seus algoritmos e moderadores estrangeiros continuam a dizer que os memes árabes e hebraicos sobre espancar gays até a morte são “ok” porque foram publicados em árabe ou hebraico, esse ponto cai por terra. Condenar qualquer ataque contra a comunidade gay só vale algo quando a “comunidade gay” não está baseada apenas em San Fransisco.

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