Inteligência artificial encontra 20 mil piscinas ilegais na França

Segundo estimativas, construções irregulares poderiam render até € 10 milhões em impostos. IA, no entanto, ainda precisa ser refinada
Imagem: Mrsiraphol/Freepik

É possível que nem todo mundo saiba disso, mas ao fazer aquele “puxadinho”, aumentar a garagem ou construir uma piscina, donos de imóveis estão cometendo uma ilegalidade: como a mudança não está declarada na planta da propriedade, eles podem pagar menos impostos.

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Na tentativa de encontrar esses desvios imobiliários, autoridades fiscais da França colocaram uma inteligência artificial na caça de piscinas ilegais pelo país. E o algoritmo encontrou nada menos que menos 20,356 construções do tipo. Tudo isso apenas em nove “departamentos” franceses — ao todo, são 96 desses territórios administrativos no país, ao todo.

Segundo estimativas, todas essas piscinas construídas por debaixo dos panos, se estivesse regularizadas, poderiam render a bagatela de € 10 milhões (R$ 51,15 milhões, no câmbio atual) em impostos ao governo francês.

A inteligência artificial foi desenvolvida pelo Google em parceria com a empresa de consultoria francesa Capgemini. Ela consegue automatizar um trabalho que, se fosse feito por humanos, levaria bastante tempo: usar imagens aéreas para identificar construções irregulares e, então, comparar os registros visuais com bancos de dados sobre imóveis do país.

Na França, modificações a propriedades privadas — como adicionar uma piscina no quintal — precisam ser regularizadas até 90 dias após a construção. Como destacou o jornal britânico The Guardian, uma piscina de 30 m² pode significar um custo extra de € 200 (cerca de R$ 1.022) ao ano.

Antes de expandir o uso da ferramenta ao longo do 96 departamentos da França, será preciso, primeiro, corrigir alguns erros de julgamento do software. Como destacou o jornal francês Le Parisien em abril, a margem de erro do software durante os testes em outubro de 2021 foi de 30%.

“Estamos visando particularmente extensões de casas, como varandas”, disse Antoine Magnant, vice-diretor geral de finanças públicas, ao Le Parisien. “Mas temos que ter certeza de que o software pode encontrar extensões com uma grande área de ocupação, e não a casinha do cachorro ou a casa de brinquedo das crianças”, acrescentou.

Além de confundir painéis solares instalados no alto de telhados com piscinas ilegais, o algoritmo, por vezes, também pode deixar passar construções não regularizadas que estejam debaixo de árvores ou à sombra. Agora, autoridades do fisco francês relacionadas ao projeto trabalham para melhorar essa eficácia.

Guilherme Eler

Guilherme Eler

Editor-assistente do Giz Brasil, são-carlense e vascaíno. Passou pelas redações de Superinteressante, Guia do Estudante e Nexo Jornal.

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