Parece que o sucesso de “Dahmer: Um Canibal Americano” não está dando dor de cabeça somente aos familiares das vítimas. Agora, o pai de Jeffrey Dahmer, Lionel Dahmer, de 86 anos, diz que planeja processar a Netflix pela duas séries recém-lançadas sobre os assassinatos brutais que o filho serial killer cometeu.
O plano de Lionel Dahmer foi revelado em entrevista por seu assistente pessoal ao jornal britânico The Sun. Segundo o portal britânico, o pai do serial killer viu sua vida de reclusão no interior do estado de Ohio, nos EUA, chegar ao fim após o lançamento da obra inspirada na vida e nos crimes de seu filho.
Lionel Dahmer não aprovou nenhuma das obras da Netflix que retratam Jeffrey Dahmer, que inclui “Dahmer: O Canibal Americano” estrelado por Evan Peters, e o documentário “Conversando com um Serial Killer – O Canibal de Milwaukee” que reúne gravações de conversas do criminoso com seus advogados pessoais — ambas lançadas nos últimos meses.
O idoso estaria chateado por não ter sido procurado pela Netflix para falar em nenhuma das produções de ambas as séries. Os mesmos produtores de “Dahmer: Um Canibal Americano” também são os responsáveis por “Conversando com um Serial Killer – O Canibal de Milwaukee”. Além disso, o pai de Jeffrey também estaria incomodado com o fato do serviço de streaming nunca ter lhe pedido permissão para usar gravações em fita da equipe jurídica de seu filho, mostradas no documentário.
Crédito: Prospect Films
Identificado apenas como Jeb, o assistente de Lionel Dahmer declarou: “O Lionel não foi procurado por nenhum desses shows. “Já conversei pessoalmente com alguns advogados e também conversamos com os editores dele, por conta de todo o caos e de todas as histórias que temos lido. O Lionel e seus advogados estão reunindo informações e cogitando possíveis processos contra os produtores. Não houve nenhuma preocupação com o bem-estar dele”.
Jeb também criticou a nova série documental “Conversando com um Serial Killer – O Canibal de Milwaukee”, por usar vídeo de Jeffrey sem o conhecimento ou permissão de Lionel. Ele disse: “O advogado de Jeff, Gerald Boyle, tinha um assistente que gravava praticamente tudo. Ela de forma alguma entrou em contato com Lionel sobre nada disso, ela apenas foi em frente e vendeu os vídeos”, contou.
O representante do pai do criminoso também disse que Lionel acredita que ele foi representado de forma injusta na série de TV, na qual foi interpretado pelo ator Richard Jenkins: “O Lionel foi um pai muito carinhoso. Ele fez o melhor que podia em uma época de incertezas”.
“Ele acha que nada disso deveria ter sido feito, todas as informações que deveriam vir à público já estavam no livro dele. Tudo isso agora não passa de glamourização e enfatiza informações que não foram comprovadas. Quando perguntei para ele o que eu gostaria que falasse para vocês, ele disse: ‘Tudo o que eu tinha a dizer está no meu livro’. Só isso”.
“Nada disso foi bom para ele”, afirmou representante do pai do serial killer. Vale lembrar que a mãe Jeffrey morreu em 2000. Lionel Dahmer publicou um livro em 1994, pouco antes do filho ser espancado até a morte na prisão. A obra tem o título “A Father’s Story” (em tradução livre, “A História de um Pai”), dando sua versão para a história de seu filho.
Imagem: Divulgação/Netflix
Lionel também ficou indignado como a popularidade das produções acabou rendendo diversas caracterizações com o tema Jeffrey Dahmer para festas de Halloween, e ficou mal por ver uma possível glamourização em cima dos crimes do canibal.
O idoso, que vive na zona rural de Ohio, se recusou a dar entrevistas desde o lançamento das séries na Netflix, mas está “uma pilha de nervos”, já que os “fãs” de seu filho apareceram curiosos na propriedade. Preocupado com os “enlouquecidos” aparecendo na residencial, Lionel pediu a sua equipe a colocar placas de “Proibido invadir”.
Jeb também reagiu às alegações de que Lionel lucrou de alguma forma com o renascimento caótico de interesse que a série criou. Ele disse: “Já joguei fora uma pilha de 500 cartas que recebemos. As pessoas ligam o tempo todo. Alguns o chamam de lodo ou escória, tem muita gente que diz que ele não deveria lucrar com isso. Ele não é nada disso, ele não ganhou um centavo com nada disso. Ao contrário, ele vai ter que pagar mais para parar com isso”, afirmou.
O representando de Leonel também falou sobre os objetos pessoais de Jeffrey que estão a venda. “Houve algumas histórias [depois que as produções foram lançados] onde disseram que Lionel vendeu os óculos de Jeff por US$ 150.000 e isso não é verdade. Aquilo ali deixa as famílias das vítimas em alvoroço porque houve um processo que Lionel não poderia lucrar com Jeff”, explica.
“Nós vimos quatro ou cinco membros da família das vítimas falarem sobre essas coisas, um dizendo que se Lionel está ganhando dinheiro com isso, então ele é apenas escória. Também foi sugerido que tudo isso foi ideia de Lionel para promover seu livro, o que não é verdade”, explica o representante.
Imagem: Divulgação/Netflix
“Dahmer: Um Canibal Americano”
Dividida em dez episódios, a produção da Netflix “Dahmer: Um Canibal Americano” explora a maneira como o personagem conseguiu escapar das sentenças de prisão da época, das mortes que ele cometia e da atuação falha da polícia de Wisconsin, nos Estados Unidos. Segundo a sinopse oficial:
“Entre 1978 e 1991, Jeffrey Dahmer tirou a vida de dezessete vítimas inocentes de forma brutal. ‘Dahmer: Um Canibal Americano’ é uma série que expõe esses crimes inescrupulosos e como o desprezo por grupos minoritários, o racismo estrutural e as falhas institucionais permitiram que um dos mais infames assassinos em série da história dos Estados Unidos continuasse agindo às claras por mais de uma década”.
Criada por Ryan Murphy e protagonizada por Evan Peters, “Dahmer: Um Canibal Americano” tem feito bastante sucesso com o público. De acordo com a própria Netflix, pela segunda semana seguida, a produção ficou no topo da lista de séries em inglês. Com 299,84 milhões de horas de visualização, se tornou a segunda série de língua inglesa mais assistida em uma semana, atrás apenas de “Stranger Things 4”.
Apenas 12 dias após a estreia, a série também entrou na lista de mais populares, em nono lugar, com 496,05 milhões de horas de exibição. Com isso, a Netflix concluiu que em menos de duas semanas, 56 milhões de residências já assistiram à minissérie. No último levantamento da empresa, “Dahmer: Um Canibal Americano” teve mais 122,78 milhões de horas de visualizações, acumulando um total de 824,15 milhões de horas de visualizações na lista dos mais populares. Relembre o trailer da produção:
Rayane Moura, 26 anos, jornalista que escreve sobre cultura e temas relacionados. Fã da Marvel, já passou pela KondZilla, além de ter textos publicados em vários veículos, como Folha de São Paulo, UOL, Revista AzMina, Ponte Jornalismo, entre outros. Gosta também de falar sobre questões sociais, e dar voz para aqueles que não tem
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