Julian Assange tem inquérito sobre estupro arquivado, mas ainda pode ser preso

Promotores suecos anunciaram que estão arquivando a investigação sobre a acusação de estupro realizada contra Julian Assange, cofundador do Wikileaks

Promotores suecos anunciaram que estão arquivando a investigação sobre a acusação de estupro realizada contra Julian Assange, cofundador do Wikileaks. Mas ainda não está claro se Assange deixará a embaixada equatoriana em Londres.

“A Diretora do Ministério Público, Marianne Ny, decidiu hoje (19) arquivar a investigação sobre o suspeito estupro (de menor grau) por Julian Assange”, disse a promotoria em um comunicado.

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De acordo com a lei sueca, esta sexta-feira (19) era o prazo final para que as autoridades do país decidissem se iriam renovar ou deixar de lado o mandado de detenção para Assange, expedido originalmente em agosto de 2010. Os procuradores suecos dizem, no entanto, que, se Assange visitar a Suécia antes que o inquérito prescreva em agosto de 2020, ele ainda pode ser preso.

“Não fizemos nenhuma declaração sobre a questão da culpa”, disse Ny em uma coletiva de imprensa nesta manhã, quando foi perguntada por um repórter da Associated Press a respeito da acusação ter sido arquivada por tecnicismo. Os procuradores disseram que simplesmente “não existe nenhum motivo para acreditar que a extradição para a Suécia possa ser executada no futuro próximo”.

Assange está refugiado na embaixada equatoriana desde 2012. Sua auto-prisão aconteceu após o início de uma investigação de estupro contra ele na Suécia envolvendo duas mulheres. Assange negou as acusações. Ele também se recusou a deixar a embaixada, temendo por uma extradição para os Estados Unidos.

Anteriormente, Assange prometeu deixar a embaixada caso garantissem clemência a Chelsea Manning. Manning teve sua sentença comutada pelo ex-presidente Barack Obama em uma de suas últimas decisões no poder. Ela foi liberada nessa quarta-feira, mas Assange renegou sua promessa. O cofundador do Wikileaks insistiu que a única razão pela qual Obama libertou Manning foi fazê-lo parecer um mentiroso.

Promotores equatorianos interrogaram Assange em novembro de 2016, e investigadores suecos o interrogaram em março de 2017; ambas as ocasiões aconteceram em Londres. Porém, em uma coletiva de imprensa nessa manhã, as autoridades suecas disseram que não podem esperar que o Equador os ajude e que “agora não é possível tomar quaisquer outras medidas que possam levar a investigação adiante”.

“Tendo em conta que todas as perspectivas de prosseguimento do inquérito estão esgotadas, parece que, à luz das opiniões expressas pelo Supremo Tribunal na sua apreciação da proporcionalidade neste caso, não é mais proporcional manter a detenção de Julian Assange em sua ausência por meio de um mandado de detenção europeu”, disse Ny, hoje, na coletiva de imprensa e em um comunicado.

Eles meio que desistiram, basicamente. Jornalistas fizeram perguntas bastante agudas, questionando se esse caso poderia indicar a outros acusados de crimes sexuais que a evasão à prisão deve ser a melhor opção.

Assange, um cidadão australiano, tweetou uma foto de si mesmo sorrindo depois que as notícias da Suécia começaram a sair.

As autoridades britânicas ainda podem detê-lo se ele tentar pisar fora da embaixada equatoriana. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos ainda considera acusações contra Assange, e o procurador-geral Jeff Sessions disse que o processo contra organizações como o Wikileaks é uma “prioridade”.

“Vamos intensificar o nosso esforço e já estamos o fazendo em todos os vazamentos”, disse Sessions em uma coletiva de imprensa no mês passado. “Este é um assunto que foi além de qualquer coisa de que estou ciente. Temos profissionais que estão envolvidos com os assuntos de segurança dos Estados Unidos há muitos anos e que ficam chocados com o número de vazamentos, e alguns deles são bastante sérios.”

Depois da declaração, os advogados de Assange argumentaram que o mandado poderia ser derrubado para que Assange pudesse voar para o Equador e então viver como um homem livre.

“Isso implica que agora podemos demonstrar que os EUA têm vontade de agir […] é por isso que pedimos que o mandado de prisão seja cancelado, para que Julian Assange possa voar para o Equador e desfrutar de seu asilo político”, disse o advogado Per Samuelsson à imprensa, no mês passado.

A polícia britânica emitiu um comunicado nesta sexta, afirmando que Assange ainda é procurado pela Grã-Bretanha por acusações menos graves. Uma dessas acusações envolve sua não apresentação ao tribunal britânico em 29 de junho de 2012.

“Agora que a situação mudou e as autoridades suecas arquivaram as acusações sobre esse assunto, o senhor Assange permanece procurado por crimes menos graves”, disse o Serviço de Polícia Metropolitano (MPS, na sigla em inglês) em um comunicado. “O MPS irá empregar esforços proporcionais a essa acusação.”

Imagem do topo: Cofundador do Wikileaks, Julian Assange, na embaixada equatoriana em Londres numa foto de arquivo de 5 de fevereiro de 2016. Crédito: Carl Court/Getty Images

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