Os lasers conseguem acabar com aqueles pontos doidos que vemos no canto dos olhos?

Chamados de "moscas volantes", eles são pedaços minúsculos de proteína que, em idades mais avançadas, podem causar maiores problemas

Você está olhando para o céu em um dia ensolarado quando de repente você nota, no canto do seu olho, um ponto transparente flutuando lentamente através do azul do céu. Você tenta focar nele, mas ele escapa do seu olhar, recusando-se a ser desvendado. Não importa aonde você olhe, aquele ponto transparente sabe.

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O que você tem aí é uma “mosca volante”, um pedacinho minúsculo de proteína flutuando em torno do humor vítreo, o gel atrás do seu olho. Mas para algumas pessoas, essas moscas volantes pioram com a idade e podem se tornar bem grandes. Portanto, uma equipe de cientistas quer saber se consegue tratar com segurança esses pontinhos de distração utilizando lasers.

Tratamentos com laser existem há pelo menos 15 anos, mas não houve outras tentativas de tratar as moscas volantes com esses lasers específicos comparadas com placebos, escrevem os autores do Ophthalmic Consultants of Boston, no estudo publicado nesta quinta-feira (20) na JAMA Ophthalmology. Isso é particularmente importante por causa da forte possibilidade de um efeito placebo.

Os autores recrutaram 52 pacientes e colocaram-nos em grupos experimentais e de controle. Eles trataram 36 pacientes com vitreólise com YAG laser, que pulsa um tipo especial de laser no olho. Dezesseis pacientes de controle, em vez disso, receberam um tratamento enganador com um filtro especial e com o laser na menor configuração, evitando que a energia do laser entrasse em seus olhos.

Dos 36 pacientes, 19 disseram que seus sintomas negativos tinham sido completamente ou significativamente resolvidos — basicamente, 4 ou 5, em uma escala de 0 a 5. Ninguém do grupo do tratamento “de mentira” disse isso — todos disseram que seus sintomas negativos estavam piores, a mesma coisa ou ligeiramente melhores. Mais importante, 34 dos 36 pacientes do grupo do YAG laser perderam maioria ou todas as suas moscas volantes, algo que nenhum dos membros do grupo do tratamento de mentira relatou.

Os autores relataram várias limitações ao seu estudo — ele era pequeno, comparava YAG lasers a um tratamento de mentira em vez de outras opções de tratamento, e o período de acompanhamento depois do qual os pesquisadores checaram os pacientes para ver como eles estavam foi relativamente pequeno, de apenas seis meses. O estudo pode também não refletir como o tratamento pareceria de verdade em uma instalação clínica e provavelmente não pode ser generalizado para todos os casos de moscas volantes, apenas os que eles trataram. Esses incluem moscas volantes muito maiores, mais comuns em pessoas idosas e que vêm com flashes na visão e outros sintomas.

Mas uma especialista, Jennifer Lim, da Illinois Eye and Ear Infirmary, na Universidade de Illinois, em Chicago, escreveu em um comentário que muito mais pesquisa é necessária antes de declarar que o tratamento é seguro. Os autores do novo estudo selecionaram seus pacientes cuidadosamente, o que pode ter contribuído com o sucesso de seu estudo. Ela também apontou que o período curto de acompanhamento significa que alguns efeitos colaterais de longo prazo podem ter escapado. “Apesar de uma taxa baixa de complicações relatadas, não ficou provado que a vitreólise YAG é um procedimento segura”, escreveu.

Então talvez não estejamos prontos para começar a estourar essas moscas volantes ainda. Além disso, se elas não são círculos gigantes, eu na verdade acho bem relaxante observar esses meus pontos transparentes flutuarem.

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