A inteligência artificial (IA) tem gerado preocupação por parte de profissionais e especialistas quando se trata da indústria criativa e de produções artísticas. Ela é um dos principais motivos da greve dos artistas de Hollywood, por exemplo. A tecnologia está levantando, inclusive, questões no mercado literário brasileiro.
Na semana passada, a editora Novo Século se envolveu em uma polêmica por ter lançado uma nova edição do clássico “Alice no País das Maravilhas” com ilustrações geradas por IA. E sem deixar isso claro para quem lê.
O livro chega às prateleiras oficialmente no dia 7 de agosto, mas diversos leitores já notaram nas fotos de divulgação que as imagens foram feitas com uso da tecnologia. As ilustrações abusam das cores e têm detalhes meio esquisitos, como o formato das mãos das personagens e a textura das roupas.
A editora não havia informado previamente que as imagens foram geradas por IA, mas admitiu ter usado o recurso depois de muitas pessoas terem feito pressão nas redes sociais. Muitos usuários condenaram a empresa por não ter contratado artistas para fazer o trabalho.
Editora usando IA p fazer artes.
Nem p corrigir as imagens p não ficar tão na cara.
Vou explanar sim, f*da-se. A raiva q eu tenho dessas empresas q não respeitam os artistas não tá no gibi. pic.twitter.com/jNVfq6wfS5— Daniella Salame Grande 🍉 (@daniellasalamao) July 25, 2023
A questão é que se trata de uma edição que custa R$ 59,90 (um valor menos acessível, considerando se tratar de uma arte “simples”), o que também não pegou bem. Em publicação no Instagram, a editora justifica a própria obra “disruptiva” de Lewis Carroll para utilizar IA e menciona as mudanças que a tecnologia está promovendo no universo artístico.
A postagem foi rebatida com críticas nos comentários, mas, como ainda não há regulamentação sobre o tema, a editora não tem obrigação legal de indicar quando usa materiais criados por inteligência artificial.