O brinquedo sexual robótico Osé ganhou o prêmio de inovação na CES, mas foi barrado logo depois

Junto com a CES, a CTA (Consumer Technology Association, entidade responsável pelo gerenciamento da feira) promove um prêmio de inovação em 28 categorias. É uma importante vitrine para startups e um espaço para mostrar novas tecnologias. Na edição deste ano, uma empresa de brinquedos sexuais foi selecionada na categoria de Drones e Robôs por um […]

Junto com a CES, a CTA (Consumer Technology Association, entidade responsável pelo gerenciamento da feira) promove um prêmio de inovação em 28 categorias. É uma importante vitrine para startups e um espaço para mostrar novas tecnologias. Na edição deste ano, uma empresa de brinquedos sexuais foi selecionada na categoria de Drones e Robôs por um produto chamado Osé – um dispositivo “hands-free” que utiliza biomimética para imitar um parceiro humano e proporcionar orgasmos múltiplos às mulheres.

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O Gizmodo Brasil conversou com a equipe da Lora DiCarlo, empresa criadora da tecnologia. E, de fato, é um produto inovador. A companhia não dá muitos detalhes sobre os componentes internos do dispositivo, mas explica que criou um produto totalmente personalizado e “fisiologicamente apropriado para a anatomia das mulheres”.

Ele não vibra, uma vez que a vibração pode causar perda de sensibilidade e até inflamações. Em vez disso, ele faz um movimento mecânico para estimular o ponto G dentro da vagina, enquanto usa ar e outros movimentos para imitar uma boca em contato com o clitóris.

Lola Vars, diretora técnica, define um produto como um robô: “a ideia por trás de um robô é substituir um humano, certo? Por isso pensamos em um dispositivo que pudesse executar várias coisas que um parceiro pode fazer”.

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Apesar das inovações e da seleção para o CES Innovation Awards, a CTA revogou o prêmio da empresa. A organização também proibiu que a startup apresentasse o produto na feira. A explicação, segundo eles, é que o produto não se encaixa em nenhuma categoria existente para a CES.

Lora Haddock, fundadora e CEO da Lora DiCalor, conta que recebeu um e-mail no final de outubro anunciando que haviam sido escolhidas para o prêmio, após passar por um painel de especialistas. Imediatamente, a companhia começou a se movimentar para fazer contato com investidores e com a imprensa, ao mesmo tempo que tentava conseguir um espaço de exibição na feira. Após um mês, veio o balde de água fria: o prêmio seria retirado e a companhia não estaria na feira.

Em uma carta de justificativa para retirada do prêmio, a CTA citou uma regra presente em seu regulamento, que diz que produtos que possam ser considerados “imorais, obscenos, indecentes, profanos ou que possam causar danos à imagem da CTA” serão desqualificados. Os termos da organização também incluem um parágrafo que diz que eles “se reservam no direito de desqualificar a qualquer momento qualquer inscrição que, na opinião da CTA, coloque em perigo a segurança ou o bem estar de qualquer pessoa, ou que falhe em cumprir com as Regras Oficiais”. A organização disse, por fim, que o produto não se encaixava na categoria de Drones e Robôs.

Lora Haddock discorda. Ela cita que o produto, Osé, tem cinco patentes pendentes nas áreas de robótica, biomimética e engenharia, além de ter sido desenvolvido em parceria com um dos principais laboratórios de engenharia robótica dos EUA, da Universidade do Estado de Oregon.

Em um comunicado enviado ao pessoal do Gizmodo US, a CTA reafirmou que “o produto em questão não se encaixa em nenhuma de nossas categorias de produtos existentes e não deveria ter sido aceito para o Programa do Innovation Awards. A CES não possui uma categoria para brinquedos sexuais. A CTA comunicou o seu posicionamento à Lora DiCarlo há quase dois meses e pedimos desculpas pelo nosso erro”.

A feira, de fato, não tem nenhuma categoria relacionada a brinquedos sexuais. Ainda assim, a OhMiBod, uma empresa que vende brinquedos sexuais conectados, está exibindo os seus produtos nesta edição da CES, no estande 31909 do Centro de Convenções de Las Vegas – a mesma companhia chegou a receber, em 2016, um prêmio na categoria Fitness e Saúde. A Naughty America, empresa que produz conteúdo adulto, também participa dessa edição da feira apresentando uma experiência de um “Strip Club” com realidade virtual e realidade aumentada.

Para a fundadora da Lora DiCarlo, essa discussão está relacionada com desigualdade de gênero na indústria da tecnologia e no fato de não quererem promover uma empresa fundada por uma mulher. Ela cita também que a organização achou obsceno um produto voltado especificamente para o prazer feminino.

Os problemas com a feira não devem desanimar a companhia. A fundadora arrecadou mais de uma US$ 1 milhão em investimentos para a produção de seu produto e pretende lançá-lo no terceiro trimestre desse ano nos Estados Unidos. A companhia ainda trabalha para o lançamento de outros produtos, incluindo brinquedos que possam ser usados em conjunto com os parceiros e uma ferramenta para desenvolvedores para integrarem o Osé com realidade virtual.

A fundadora diz que existem planos de expansão de mercado, mas é preciso resolver questões de escala na fabricação.

A companhia, inclusive, recebeu um prêmio de inovação na categoria de Drones e Robôs durante o ShowStoppers, evento paralelo à CES que acontece simultaneamente em Las Vegas. As funcionárias estão confiantes no produto que, segundo elas, é inédito no mercado. O Osé deve custar entre US$ 250 e US$ 300.

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O jornalista viajou para Las Vegas a convite da CTA, empresa que organiza a CES.

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