Em 2011, a Lytro apresentou a primeira câmera do mundo que captura todos os possíveis focos de uma cena. Dessa forma, você pode escolher o foco depois de tirar a foto. Infelizmente, a empresa agora está demitindo funcionários para entrar em modo de sobrevivência.
Nós confirmamos uma notícia do Re/code de que a empresa vai demitir de 25 a 50 de seus 130 funcionários. Enquanto isso, a empresa vai tomar US$ 50 milhões em financiamento, em um esforço para tentar desenvolver algo impressionante, mas que valha a pena comprar.
A Lytro acredita que sua tecnologia pode ser útil para a realidade virtual, outra tecnologia que ainda não provou sua utilidade para consumidores em geral.
Campo de luz
Quando eu vi a tecnologia de “campo de luz” pela primeira vez, há mais de três anos, eu mal pude entendê-la. É que a câmera captura todos os raios de luz que passam por um dado espaço – no caso, sua visão. Dessa forma, a Lytro obtém todos os possíveis focos da imagem.
Isso permite mudar o foco da foto mesmo depois de capturá-la, e funciona como feitiçaria. Vá em frente, clique na imagem:
Nem sempre uma tecnologia nova e um protótipo funcional resultam em um produto final para consumidores, mas a Lytro conseguiu: foram duas câmeras diferentes com designs completamente diferentes.
As câmeras
Infelizmente, nenhuma delas deu certo. A câmera Lytro original foi mais uma prova de conceito do que qualquer outra coisa. Ela cria imagens quadradas com apenas 1,2 megapixels, não captura vídeo e foi lançada por US$ 399 (hoje ela custa só US$ 99).
E, no ano passado, tivemos a Lytro Illum, uma câmera profissional muito mais sofisticada que utiliza a mesma tecnologia de campo de luz. A qualidade das imagens ficou ainda melhor; você pode ver mais fotos neste link.
Mas de novo, não deu certo. O software da câmera, todo baseado em Android, sofre com muitos bugs que atrapalham na hora de tirar a foto. O software para editar as fotos também decepciona. A câmera tira fotos de 4 megapixels e custa US$ 1.600.
Concorrência
Sim, ela tem alguns truques: por exemplo, toda foto ganha um efeito paralaxe, que faz a imagem se mover com você. Só que isso também está presente em smartphones como o HTC One M8, junto à mudança de foco:
Este é outro problema para a Lytro: a concorrência consegue emular seu maior diferencial. O HTC One M8 tem duas câmeras: uma delas captura dados de profundidade e cria fotos que podem ter seu foco reajustado. O app Refocus da Nokia combina diversas imagens com foco diferente para chegar ao mesmo resultado. Enquanto isso, o Samsung Galaxy S5 recria esse efeito usando apenas software, aplicando um efeito embaçado em certas regiões da imagem.
Ninguém está disposto a pagar por esse truque em uma Lytro. Isso não é apenas uma opinião; a empresa está em apuros. Mas eu quero desesperadamente que ela tenha sucesso: a tecnologia de campo de luz é verdadeiramente inspiradora. Foi necessária uma equipe de gênios para fazê-la funcionar e levá-la ao mercado, e agora tudo o que foi desenvolvido está à beira da extinção.
Nem toda tecnologia impressionante é destinada à grandeza. E se a Lytro não puder encontrar um grande problema para resolver, não há razão para ela existir. Mas, às vezes, a tecnologia é tão bacana que é difícil não se envolver de forma ligeiramente emocional. Estamos torcendo para que a empresa encontre algo útil no qual usar sua criação.
Foto por John Biehler/Flickr