Made in Brazil Como transformar um assunto terrivelmente chato em um aplicativo decente para celular

"Corretor de seguros" é quase um sinônimo para pessoa chata. Um aplicativo para celular de uma seguradora teria tudo para ser o epítome (Consegui usar!) da chatice no iPhone e sua cara divertida. Mas o novo app do Bradesco faz um negócio raro, e por isso vale a menção aqui: como um outdoor com Wi-Fi, é publicidade escorada em tecnologia, mas útil, bem útil, e que deveria ser copiada.

A ideia do Seu Futuro é te ajudar a ver se vale a pena fazer um plano de aposentadoria privada. Qual tipo, quanto você deve juntar por ano, pra ganhar quanto depois de qual idade. É um planilha de Excel vitaminada, mas muito rápida e agradável. Ela até joga uns exemplos de verdade, tipo quanto você deve contribuir para ter uma pousada na praia quando parar de trabalhar (considerando que a pousada não esteja em uma praia que ficará submersa com o aquecimento global, óbvio). Ou qual o limite de contribuição que pode ser deduzida do imposto de renda…

Há um outro aplicativos chamado Agite a vida que é bobinho, auto-ajuda para sua tia (que vai achar engraçadinho). Dá pra passar. Mas o ponto é que o aplicativo de vender seguros traz informação útil de uma forma muito mais rápida e amigável que se você visse numa página da web. E o melhor: não é um negócio de vendas diretamente. Não fica piscando "faça o seguro agora". Até porque você não pode, na aplicação. Há um menu para ver qual agência mais próxima (você clica e em 3 segundos ele lista, de acordo com a posição do GPS, onde fica o Bradesco mais perto) ou telefones de corretores habilitados. Daí é só clicar e ligar.

A publicidade tem que ser mais assim: útil, interessante. E o Bradesco seguros e previdência só consegiu isso, me parece, porque o seu diretor executivo, Jorge Nasser, é um apaixonado por tecnologia, desses que ficou numa fila em NY pra comprar o primeiro iPhone e conta os dias para receber seu 3GS. Ele está longe de ser a regra. Enquanto todos os presidentes de empresa estiverem andando com telefones chatos e Blackberries caretas, dificilmente as empresas verão a utilidade de um aplicativo para iPhone e investirão nisso. Até porque assistentes puxa-sacos não costumam contrariar executivos.

Pra dar mais sustância à minha teoria: o primeiro aplicativo brasileiro para iPhone a ser vendido no iTunes (antes de o telefone ser lançado oficialmente no País) foi justamente do Bradesco Seguros Auto. Teve 20 mil downloads, porque além de calcular preço de seguro e o escambau, locallizava postos e oficinas baseados na sua localização. Novamente: era útil. Então, developers. Façam mais disso, por favor. Quem sabe as empresas não ganhem mais publicidade favorável.

PS: Sim, isso parece jabá (até porque o Bradesco está anunciando justamente isso por aqui), mas não é. Descobri esse monte de coisas num lanchinho pós-coletiva, numa conversa incrivelmente descontraída com o tal Jorge Nasser. O cara conquistou minha simpatia quando, depois de falar loucamente sobre seus aplicativos favoritos de iPhone, me perguntou sobre Scribblenauts, o epítome (COMBO!) da geekice em forma de jogo de DS. Precisamos de mais diretores nerds.

 
 

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