Maior iceberg do mundo ganha cavernas de gelo e arcos esculpidos
A erosão está deixando sua marca no maior iceberg do mundo, conhecido como A23a. Ele cobre uma área de cerca de 4.000 km², equivalente a mais de três vezes o tamanho da cidade do Rio de Janeiro.
Um navio operado pela empresa de expedições Eyos chegou ao colossal bloco de gelo no domingo (14). A embarcação documentou as transformações impressionantes que antecedem aqueles que podem ser os últimos meses da existência do iceberg.
As últimas imagens do local revelam cavernas gigantes e arcos esculpidos em suas paredes congeladas. Detalhes da investigação do Eyos foram revelados nesta reportagem da BBC.
A equipe da Eyos, usando um drone, capturou imagens das paredes de 30 metros do iceberg.
Por mais de 30 anos, permaneceu estático nas lamas do fundo do Mar de Weddell. O A23a se desprendeu da costa da Antártica em 1986, mas só recentemente iniciou uma grande migração.
As temperaturas mais amenas do ar estão criando lagoas na superfície, infiltrando-se no iceberg e abrindo fissuras. As cavernas e arcos superficiais espetaculares estão em colapso, deixando vastas áreas de gelo submersas que corroerão as bordas do iceberg.
Richard Sidey, cinegrafista da Eyos, descreveu a experiência como “dramática e linda”. Ele observou que a escala do A23a é difícil de compreender visualmente, já que se estende até onde a vista alcança em qualquer direção que se olha.
Iceberg gigante está em movimento
Atualmente à deriva na Corrente Circumpolar Antártica, o iceberg enfrenta um destino incerto. Empurrado pela corrente e pelos ventos de oeste, está seguindo em direção às Ilhas Órcades do Sul, a cerca de 600 km a nordeste da ponta da Península Antártica, ao longo do chamado “corredor dos icebergs”.
O A23a, com mais de 1 trilhão de toneladas, está em constante degelo. Medidas de satélite indicam que sua espessura média de 280 metros. Apesar de sua grandeza, a espessura do iceberg tem diminuído a uma taxa de 2,5 metros por ano, reflexo das temperaturas do Mar de Weddell.
A questão que intriga os cientistas é quanto tempo o A23a resistirá, conforme se afasta das temperaturas mais frias da Antártida.
A jornada do A23a, além de sua importância científica, levanta preocupações sobre o impacto potencial nas regiões costeiras, caso se parta e eleve o nível do mar.