Malária: hora em que mosquito pica pode fazer diferença no sintoma, descobre brasileira
Segundo pesquisadores, a hora que o mosquito transmissor da malária pica influencia na gravidade dos sintomas. Dois estudos publicados na última terça-feira (20), por cientistas da Universidade McGill, do Canadá, marca uma descoberta promissora na luta contra a malária, possibilitando a criação de tratamentos mais eficazes.
Os pesquisadores realizaram experimentos em ratos para investigar a interação entre os ritmos circadianos do hospedeiro e do parasita da malária.
O ritmo circadiano, aliás, é o sistema que regula variações fisiológicas do organismo, conhecido como relógio biológico, em ciclos de 24 horas, acompanhando o movimento da Terra. Desse modo, os pesquisadores descobriram que os ratos que sofreram picadas no período noturno apresentaram sintomas mais leves se comparados aos que foram picados durante o dia.
Além dos sintomas, a hora da picada também influencia na disseminação do parasita da malária, que apresentou maior limitação durante a noite.
Pesquisadora brasileira foi responsável pelo estudo
No Brasil, os casos de malária cresceram 83,67% no ano passado. Isso corresponde a mais de 133 mil novos casos, segundo o Ministério da Saúde. Coincidentemente, a brasileira Priscilla Carvalho Cabral é a principal autora do estudo sobre a influência da hora da picada da malária.
Com formação em imunologia pela USP, a brasileira se tornou PhD em microbiologia e imunologia pela Universidade McGill no início deste ano. A brasileira foi quem conduziu os experimentos dos dois estudos sobre a picada do mosquito malária.
“Exploramos como os ritmos circadianos tanto do hospedeiro quanto do parasita da malária interagem para afetar a gravidade da doença e a capacidade do hospedeiro de combater o parasita”, explica Priscilla Carvalho Cabral
Além disso, em estudos anteriores, a brasileira já havia observado a influência do ritmo circadiano em outra doença muito comum no Brasil: a leishmaniose.
Com base nesse estudo, a brasileira Priscilla Carvalho e seus colegas aplicaram a mesma abordagem à malária, identificando a mesma tendência na picada do mosquito.
A descoberta desse estudo representa um avanço significativo nas possibilidades de tratamento contra a malária. Só no Brasil, 30% dos casos de malária afetam crianças com idade inferior a 12 anos, sobretudo da região amazônica.