OMS aprova 2ª vacina contra malária, mais barata e fácil de fabricar
A OMS (Organização Mundial da Saúde) aprovou a segunda vacina contra a malária nesta semana. Até agora, havia apenas um imunizante para proteger as crianças contra a doença mortal, que atinge especialmente países africanos.
Segundo o Relatório Mundial sobre Malária, a infecção matou 619 mil pessoas no mundo em 2021. Na África, estima-se que a cada ano ela mate mais de 260 mil crianças com menos 5 anos.
De modo geral, parte da dificuldade do combate à doença era a oferta limitada da vacina disponível, a RTS,S. Desde 2019, ela foi administrada em quase 1,7 milhão de crianças em Gana, Quênia e Malawi.
Assim, a nova vacina, chamada R21, pode mudar este cenário: ela é mais fácil e barata de fabricar.
Conheça a nova vacina contra malária
A R21 atingiu a meta da OMS de 75% de eficácia na prevenção da malária em um ensaio com quase 5 mil crianças de Burkina Faso, Quênia, Mali e Tanzânia. Os resultados foram publicados em preprint, o que significa que ainda não passaram por revisão de pares.
Para garantir essa proteção atestada, a R21 deve ser aplicada em três doses antes, do pico sazonal da malária. Depois de 12 meses, as crianças devem receber uma dose de reforço para manter a proteção.
Ambas as vacinas contra a malária têm em sua composição dois antígenos. Um deles é da superfície do vírus da hepatite B e o outro é da malária, do parasita Plasmodium falciparum.
Em geral, a R21 possui cinco microgramas de antígeno em cada dose, enquanto a RTS,S tem cerca de 25 microgramas em uma única dose.
Além disso, a resposta da R21 pode ser mais duradoura. Segundo pesquisadores, cada molécula da vacina tem um antígeno de malária. Na RTS,S, há um antígeno a cada cinco moléculas.
Produção e distribuição
Uma dos principais benefícios da nova vacina é que seu antígeno é mais fácil de fabricar, além de consideravelmente mais barato.
Em geral, cada dose de R21 custa entre US$2 e US$4 (de R$10,4 a R$20,8, em conversão direta). A RTS,S custa cerca de US$9,80 por dose (aproximadamente R$51, em conversão direta).
Até agora, a vacina já foi aprovada em Burkina Faso, Gana e Nigéria, a nova vacina estará disponível a partir de meados de 2024. O Instituto Serum da Índia, que irá produzir o imunizante, afirma ter capacidade para produzir mais de 100 milhões de doses por ano.
Em geral, isso é 40 vezes mais que a quantidade de RTS,S produzidas ao ano.
Ampliação da oferta de vacinas
“Os dados até o momento não nos permitem dizer que uma vacina funciona melhor do que a outra”, informou Mary Hamel, epidemiologista que lidera o programa de implementação de vacinas contra a malária da OMS.
Dessa forma, a nova vacina contra malária vem para complementar o sistema de imunização mundial, não para substituir o que era utilizado. Tanto a RTS,S quando a R21 têm eficácias semelhantes de cerca de 75% quando aplicadas antes da temporada de transmissão máxima da doença.
Assim, países em breve terão a opção de escolher entre as duas vacinas. Agora, o desafio é que elas cheguem às crianças para cumprir com seu efeito de proteção